O vírus Influenza A tomou o estado do Rio de Janeiro e já começa a ser relatado em São Paulo e outros pontos do País. Associada às doenças de inverno, a Influenza é um vírus com sintomas relativamente parecidos com a Covid-19, com impacto agressivo no corpo relacionado a febre alta, dor de cabeça, mal-estar e calafrios.

No caso das crianças o vírus é ainda mais ágil, com evoluções para quadros de pneumonia e otite. É neste grupo, inclusive, que a Influenza circulou mais rápido, sobretudo com a reabertura de creches e escolas no Rio de Janeiro.

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Especialistas acreditam que como 2020 foi dominado pela Covid-19 e os lockdowns que foram acontecendo ao longo ano seguraram as pessoas em casa, sobretudo no primeiro semestre de 2021 (período em que a Influenza ganha corpo), o vírus circulou pouco entre a população. Com a reabertura das cidades e as pessoas voltando a viajar, vírus como a Influenza, Adenovírus, Bocavírus, Parainfluenza 3 e 4, entre outros, voltaram a circular.

Dados do último Boletim InfoGripe, conduzido pela Fiocruz, mostram que a incidência do vírus Influenza foi maior entre as crianças até a semana que se encerrou no dia 4. Divulgado no último dia 9, o boletim aponta que os dados da próxima publicação devem apontar a real situação da Influenza no Brasil.

“Tal avanço pode vir a se reproduzir nos demais estados em função da grande quantidade de pessoas que diariamente se deslocam da capital fluminense para os demais centros urbanos do país, facilitando a importação de casos especialmente no cenário atual de flexibilização das medidas de prevenção à transmissão de vírus respiratórios”, apontou no estudo o coordenador do InfoGripe, Marcelo Gomes.

Qual a diferença de sintomas entre Influenza e Covid-19?

No caso da Covid-19, os sintomas mais comuns são febre, tosse, perda de olfato e paladar. Para as infecções da variante Ômicron, o mais comum é sentir dor muscular, fadiga, incômodo na garganta, febre baixa e tosse seca.

A Influenza se manifesta através dos picos de febre alta, dor de cabeça, mal-estar e calafrios.

Como posso evitar a Influenza A neste fim de ano?

Com a alta cobertura vacinal contra a Covid-19, as pessoas deixaram de lado a campanha de vacinação contra a Influenza e ficaram expostas ao vírus. A Fiocruz mantém as recomendações de uso da máscara e distanciamento social para evitar a transmissão da doença entre as pessoas.

Neste fim de ano, com comemorações como festa da empresa, amigo secreto, natal e Ano-Novo, a Fiocruz lançou uma cartilha com os cuidados que as pessoas devem tomar antes de participarem de uma festa.

Segundo essa cartilha, é preferível optar por espaços abertos, ventilados com janelas abertas e ventiladores (ar-condicionado deve ser evitado). O limite de pessoas é importante para evitar aglomeração e os banheiros devem contar somente com papel e sabão para secagem de mãos, sem as tradicionais toalhas.

Crianças, idosos e imunossuprimidos devem estar em lugares mais arejados. Os convidados também podem ficar distribuídos em mesas com separação, inclusive um rodízio entre grupos no momento da ceia, para evitar que todos fiquem sem máscara ao mesmo tempo.

Frascos de álcool em gel seguem fundamentais nessas reuniões.

Estou com sintomas de Influenza, mas não sei se é Covid. O que faço?

Como já mencionado, os sintomas da Influenza são parecidos com a Covid-19 e o sistema de testes no Brasil é precário. Nem todos os lugares oferecem teste para Influenza e o procedimento padrão é o de testar contra o coronavírus para eliminar um item na possibilidade de infecção viral.

Em São Paulo, a Prefeitura vai realizar testes rápidos de antígeno nas UPAs, AMAs e unidades de pronto-socorro. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, somente no mês passado, foram atendidas mais de 111 mil pessoas com sintomas gripais, sendo que 56 mil eram suspeita de covid.

Você também pode tomar a vacina contra a gripe nos postos de saúde.

Tomei vacina contra a Covid, posso tomar contra Influenza?

Não existe uma contraindicação nesses casos. De acordo com a infectologista Melissa Valentini, do Grupo Pardini (empresa de medicina diagnóstica), é ideal que as pessoas estejam com a vacinação em dia para evitar tanto a Covid-19, quanto a Influenza.

“A população priorizou a Covid, vacinando menos do que se deveria contra Influenza. Vale destacar que hoje não existe mais essa restrição e ambas as vacinas podem ser aplicadas no mesmo momento”, comentou em nota a especialista.

A vacina, no entanto, pode não estar atualizada com a cepa que está circulando na região sudeste, o que pode diminuir a eficácia do imunizante. Ainda assim, a lógica adotada pelos órgãos de vigilância sanitária contra a Ômicron e a Covid, são aplicáveis ao surto de Influenza A: a vacina vai evitar que o quadro infeccioso evolua e vire óbito.