O período de quarentena contra o coronavírus forçou empreendedores de todas as vertentes a se reinventarem e apostarem no serviço digital como uma forma de sobreviver às dificuldades e quedas nas vendas. Planejamento e aposta nas tendências de consumo serão cruciais para quem quiser passar, sem fechar o negócio, por este cenário de restrições.

Um levantamento da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) indicou que em 2020 o setor do comércio vai vender entre R$ 115 bilhões e R$ 138 bilhões a menos do que no ano passado, algo entre 3,9% a 4,8% do comercializado em 2019.

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O cenário é ainda pior entre os pequenos comerciantes, que representam mais de 90% do setor no País, já que uma queda média de 10% no faturamento em abril, maio e junho devem levar mais de 44 mil empresas a encerrarem as atividades e fecharem 191 mil vagas formais de emprego.

A KPMG realizou um estudo indicando tendências e desafios para o setor de consumo e varejo neste período. Segmentos como e-commerce enfrentarão dificuldades ao adaptar a logística com entregas seguras e o aumento no volume dos pedidos.

O comércio tradicional, por sua vez, terá de se renovar, redefinindo o papel das lojas e viabilizando estratégias como o “click and collect”, que é quando uma compra online pode ser retirada em loja ou outro ponto físico disponível. A Centauro, por exemplo, já adota esse modelo de entrega dos produtos.

Será necessário praticar o conceito de varejo seguro; adotar ferramentas analíticas para entender os novos hábitos de consumo; participar de marketplaces; variando os locais de venda e adequando o seu negócio aos perfis de consumidores nas diversas mídias digitais; além de desenvolver uma cadeia de suprimentos mais inteligente, integrada e responsiva.

“Nesta nova realidade teremos novos hábitos de consumo, o varejo seguro será a regra e as empresas estarão muito mais digitalizadas, com adoção intensa de tecnologia para viabilizar novos modelos e oferecer experiências diferenciadas para os consumidores”, observa o sócio-líder da KPMG Brasil, Fernando Gambôa, por nota.

Estruturando o seu planejamento e priorizando iniciativas

Fundador da startup Saly, uma plataforma de automatização de compras, Guy Peixoto Neto defende que posicionamento, plano, perspectiva, projetos e preparos devem ser o norte do empreendedor brasileiro.

“À medida que a pandemia do coronavírus está se desenvolvendo, vem revelando vulnerabilidades humanas e econômicas e mostrando a importância de uma boa liderança e de sistemas sociais e de saúde universais que funcionem bem. E, assim como os aspectos humanitários e de saúde da crise, o lado comercial também precisa encontrar maneiras de se recuperar”, disse Peixoto, por meio de nota.

Ele defende que é preciso entender a posição da sua organização no mercado, qual o papel desempenhado pela sua empresa e quais são os seus principais concorrentes. Planejar como será o pós-pandemia também é essencial para identificar a rota mais rápida de retomada da crise e salvar o seu negócio deste período que desorientou todos os empreendedores.

“O desafio é priorizar e coordenar iniciativas que irão proteger a organização no futuro. Com muitas novas iniciativas, você pode acabar com uma guerra por recursos que atrasa ou inviabiliza sua resposta estratégica”, complementa.

O mundo conectado está atento aos negócios que adotaram a tática de aumento abusivo nos preços dos produtos durante a pandemia. Não é incomum ver relatos de clientes insatisfeitos com a subida nos preços da internet, do gás, da água, ou dos alimentos nos mercados.

Neste ponto, a KPMG observa que com os clientes voltando os olhos para os produtos essenciais, os varejistas terão de renovar o portfólio de produtos e avaliar novas categorias. Por isso, desenvolver novas estratégias de preços e promoções, sempre pensando em incentivar as vendas, é fundamental.