São Paulo, 19 – A produção brasileira de café este ano deve atingir 53,4 milhões de sacas, o que corresponde a uma queda de 4,1% (2,3 milhões de sacas) em comparação com a previsão anterior, de janeiro (55,7 milhões de sacas). Se comparada com a colheita de 2020, último ano de bienalidade positiva, a produção esperada para este ano é 15,3% inferior, o que representa 9,65 milhões de sacas a menos, informa a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em seu segundo levantamento sobre a safra 2022, divulgado nesta quinta-feira, 19.

Conforme comunicado da estatal, as condições climáticas registradas durante o desenvolvimento da safra 2022 de café são determinantes para a estimativa de produção.

“A recuperação é limitada, uma vez que a estiagem e as geadas ocorridas ainda no ano passado, principalmente em Minas Gerais, Paraná e São Paulo, debilitaram as plantas, influenciando no desempenho produtivo das lavouras de café”, disse na nota o presidente da companhia, Guilherme Ribeiro.

Em relação à safra do ano passado, que foi de 47,7 milhões de sacas, a expectativa é de aumento de 11,95% (5,7 milhões de sacas).

Segundo a Conab, o café do tipo arábica é aquele que mais deve ser influenciado pelo clima adverso, pois a sua concentração ocorre nas regiões que tiveram mais impacto das baixas temperaturas e da escassez hídrica.

A expectativa ainda é de uma recuperação na produção em relação à safra passada, podendo atingir 35,7 milhões de sacas do produto beneficiado. No entanto, pondera a Conab, era esperado um potencial produtivo maior, por se tratar de um ciclo de bienalidade positiva. Se comparado com a safra 2020, a sinalização é de diminuição de 23,6% do volume total estimado.

“Os técnicos da Companhia que foram a campo acompanhar o desenvolvimento das lavouras relataram que, apesar da boa florada a partir das chuvas ocorridas, não houve um bom pegamento dos chumbinhos devido às condições fisiológicas das plantas”, explicou a superintendente de Informações da Agropecuária da Conab, Candice Romero Santos.

Para a produtividade média, o último ano de bienalidade positiva alcançou cerca de 32,21 sacas por hectare para o mesmo café arábica. Já na atual safra, a estimativa é de um rendimento médio de 24,6 sacas por hectare. Minas Gerais continua como o maior produtor de café do Brasil com 24,7 milhões de sacas produzidas, das quais 24,4 milhões de sacas são de arábica.

Recorde

Em movimento oposto ao arábica, a produção de café conilon (robusta) deve atingir um novo recorde, com colheita de 17,7 milhões de sacas beneficiadas – um aumento de 8,7% em relação à safra anterior, puxado pelo incremento de produtividade que tem sido recorrente a cada ano.

No Espírito Santo, principal estado produtor de conilon, a produção tende a ultrapassar 12 milhões de sacas.

“Não houve registro de extremos climáticos no Estado capixaba. Pelo contrário, o volume de chuvas e as temperaturas foram favoráveis para a cultura. O mesmo cenário foi verificado na Bahia. Em Rondônia, além das boas condições climáticas, os produtores seguem investindo em melhorias nos pacotes tecnológicos. Já os Estados de Mato Grosso e Amazonas apresentam grande potencial para ampliar a produtividade e consequentemente a produção”, ressaltou o diretor de Informações Agropecuárias e Políticas Agrícolas da Conab, Sergio De Zen.

Área

Segundo o levantamento divulgado pela Companhia, a área destinada para o café está estimada em 2,2 milhões de hectares, aumento de 1,9% em comparação com 2021.

A elevação é esperada tanto para o espaço destinado para as plantas em formação como para aquelas em produção.

Para a área em formação, que contempla plantios novos e áreas esqueletadas ou recepadas, a Conab estima cerca de 401,2 mil hectares, enquanto que as lavouras em produção devem se estender por 1,84 milhões de hectares, alta de 2,5% e 1,8% respectivamente.