Rio, 10 – A estiagem que prejudica parte de alguns Estados brasileiros deve impedir que o País consiga colher em 2019 uma safra tão boa quanto o recorde alcançado em 2017, avaliou Carlos Alfredo Guedes, gerente do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola, no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O terceiro prognóstico para a produção agrícola de 2019 estima uma colheita de 233,4 milhões de toneladas de grãos, resultado 3,1% superior ao de 2018, mas ainda longe de alcançar o pico de 240,6 milhões de toneladas obtidos em 2017.

“Não alcança a safra recorde (de 2017). Existia alguma expectativa de que poderia chegar próximo, ou até ultrapassar. Mas com essa seca que está ocorrendo vai ser difícil”, lembrou Guedes.

O pesquisador alertou que o prognóstico divulgado hoje pelo IBGE teve o levantamento de campo realizado ainda no início de dezembro, com contribuições positivas relevantes de Piauí, São Paulo e Goiás.

“Mas de meados de dezembro para cá, o clima está bastante seco. Está faltando chuvas em algumas regiões. A gente já conta com decréscimo no Paraná, e pode reduzir mais, porque não choveu mais. No Paraná e em Mato Grosso do Sul a gente tem informação de que existe tendência de uma safra menor do que a gente está divulgando hoje, porque as informações de campo são do início de dezembro”, justificou Guedes.

O Paraná é o segundo maior produtor de soja e o maior produtor de feijão do País. “Se as chuvas não voltarem, pode ser que haja grande quebra de safra de soja em alguns Estados. As chuvas têm faltado principalmente no Paraná, e um pouco em Mato Grosso do Sul”, acrescentou.

Apesar disso, a estimativa do IBGE ainda é de uma safra recorde de soja em 2019, de 118,779 milhões de toneladas, 0,8% superior ao recorde obtido em 2018. No entanto, Guedes lembra que é necessário aguardar as próximas divulgações mensais do levantamento.

Uma eventual quebra de safra poderia afetar os preços no mercado interno, mas isso será determinado pela evolução das condições meteorológicas.

“O clima este ano está mais instável do que nos últimos dois anos”, disse Guedes. “Foi dito que neste ano teríamos mais influência do El Niño (fenômeno climático), e isso tem sido observado. Tivemos bastante chuva no Rio Grande do Sul, e seca em alguns Estados”, concluiu.