Mais novo elemento de tensão internacional, o abate pelo Irã de um veículo aéreo não tripulado dos Estados Unidos, na quinta-feira 20, colocou fervura no caldeirão geopolítico global. Mas não pense que o drone é um drone. Pelo menos não no imaginário atual, de objetos com menos de 1 metro que entregam pizzas ou itens da Amazon. O superdrone derrubado é um Global Hawk RQ-4A, um UAV (Unmanned Aerial Vehicle, sigla para veículo aéreo não tripulado). Também chamados de UAS (Unmanned Aircraft System). Na essência é tudo drone. O que muda é um pacote que reúne performance, autonomia, alcance e uso.

O Global Hawk em questão faz parte de um programa multibilionário dos EUA com a Northrop Grumman, gigante da indústria bélica (US$ 54 bilhões de valor de mercado) listada na posição 108 da Fortune 500 pelo volume de receitas. Esses aparelhos são verdadeiras plataformas de vigilância, com envergadura superior a 30 metros e peso de decolagem de até 16 toneladas. Têm alcance superior a 22 mil quilômetros (um ida e volta Brasília-Teerã) e podem voar a 18 mil metros – voos intercontinentais costumam ser feitos na faixa dos 11 mil metros de altitude –, além de permanecer no ar até 34 horas seguidas. De acordo com o Government Accountability Office, órgão americano equivalente a uma controladoria geral, um Global Hawk equipado custou aos Estados Unidos US$ 220 milhões.

(Nota publicada na Edição 1127 da Revista Dinheiro)