Apartir de segunda-feira (19), mais sete capitais brasileiras terão os benefícios do sinal 5G, segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Agora serão 22 no total. Essa onda também é esperada nas áreas rurais do País, mas por meio do 4G, por enquanto, que na verdade é um compromisso assumido pelas empresas de telefonia vencedoras do leilão da tecnologia de quinta geração. Essa cobertura, embora defasada, já traria uma série de evoluções para a produção agropecuária. A capacidade de transmissão das 4,4 mil torres já disponíveis no Brasil seria suficiente para elevar a cobertura no campo dos atuais 23% para 48%. É o que mostra o estudo Cenários e Perspectivas da Conectividade para o Agro, desenvolvido pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP).

O levantamento vai além. De acordo com a Esalq, os efeitos dessa ampliação da cobertura digital gerariam aumento de 4,5% no Valor Bruto de Produção (VPB), índice que representa o faturamento bruto registrado dentro das fazendas, hoje em R$ 1,204 trilhão, segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Ou seja, chegaria a R$ 1,258 trilhão. É por esse e outros motivos que desde 2020 a John Deere Brasil, uma das principais fabricantes de máquinas agrícolas do País, e a Claro trabalham em conjunto para oferecer ao produtor rural um serviço de conectividade que vira solo fértil para a agricultura 5.0. Batizado de Campo Conectado, o projeto abrange a captação e coleta de dados que alimentam processos como machine learning e inteligência artificial, proporcionando mais agilidade e segurança a diversas atividades agrícolas, do planejamento da safra à colheita.

“O produtor pode enxergar os dados de onde estiver e até enviar comandos para a máquina” Antonio Carrere presidente da John Deere Brasil.

Com o pagamento de uma taxa de R$ 20 ao ano por hectare o fazendeiro tem acesso à cobertura 4G em toda a área contratada. Assim, consegue aproveitar ao máximo a tecnologia embarcada no maquinário e gerir a frota e toda a operação agrícola, em tempo real, 24 horas por dia, durante os sete dias da semana. “O produtor pode enxergar esses dados de onde estiver e até enviar comandos diretamente para a máquina”, afirmou o presidente da John Deere Brasil, Antonio Carrere. E um avanço fomenta outro. “Nossos maiores lançamentos estão atrelados ao cérebro das máquinas. A plantadeira vira uma plantadeira de dados, o pulverizador vira um pulverizador de dados.” Tudo isso depende da conectividade, e é aí que entra a Claro, com o fornecimento da infraestrutura para disponibilizar o sinal 4G, como as torres de transmissão. Nessa parte, o agricultor não desembolsa um centavo.

A parceria já cobre 2 milhões de hectares em terras produtivas e há mais 3,5 milhões em negociação. Todo o entorno das propriedades também é beneficiado. “Quando se instala uma antena para atender a fazenda, o sinal também alcança vários quilômetros quadrados ao redor, atendendo moradores, escolas, hospitais”, afirmou Carrere. O executivo reconhece que a iniciativa é parte do que o setor necessita, pois é preciso mais potência para atender a um país de proporções continentais como o Brasil. “As empresas privadas devem andar de mãos dadas com o governo”, disse.

VISÃO TOTAL Conectividade permite que fazendeiro acompanhe toda a operação agrícola, em tempo real, do planejamento da safra à colheita, 24 horas por dia e sete dias por semana. (Crédito:Divulgação)

PRECISÃO Para o presidente da John Deere Brasil, a questão da conectividade extrapola a produtividade, pois tem impacto também sobre a preservação ambiental. Isso porque a assertividade em diversas operações na rotina da fazenda evita o uso inadequado de defensivos agrícolas, economiza combustível e contribui para preservar o solo. A empresa está lançando globalmente a tecnologia see&spray, que identifica em tempo real, na velocidade da máquina, a planta daninha na lavoura e faz a pulverização pontual. “Isso gera economia de 75% na compra e na utilizaçaõ de insumos.”

Nessa linha de agricultura de precisão, a John Deere anunciou um projeto de colaboração com a DataFarm, startup brasileira que oferece uma plataforma de inteligência de dados que aponta a origem das perdas de eficiência na lavoura. Essa identificação permite corrigir pontos sensíveis que afastam a produtividade real da potencialmente atingível. As análises da DataFarm avaliam ainda a maior capacidade de retenção de carbono no solo e menores emissões de gases de efeito estufa. É uma preparação para as futuras colheitas de crédito de carbono. Uma junção de tecnologia e eficiência com resultados ambientais. Um jogo em que ninguém perde.