A Rússia vai considerar como uma “declaração de guerra econômica” a adoção de uma possível segunda rodada das sanções americanas e reagirá com todos os meios à sua disposição – advertiu o primeiro-ministro russo, Dmitri Medvedev, nesta sexta-feira (10).

Os Estados Unidos anunciaram, na quinta-feira, novas sanções econômicas contra a Rússia, apontando Moscou como responsável pelo envenenamento no Reino Unido de um ex-espião russo, por meio do agente tóxico Novichok. Nesse dia, Washington mencionou a possibilidade de uma segunda etapa de sanções “draconianas” no futuro.

“Se continuarem coisas como a proibição desse, ou daquele banco, ou o uso dessa, ou daquela moeda, teremos de chamar as coisas por seu nome: é uma declaração de guerra econômica”, declarou Medvedev, citado pela agência de notícias Interfax.

“E teremos que responder totalmente a esta guerra. Com métodos econômicos, métodos políticos e, se for necessário, com outros métodos”, acrescentou o primeiro-ministro russo.

“Nossos amigos americanos têm que entender isso”, acrescentou.

Na quinta-feira, o Kremlin denunciou como “inadmissíveis”, “hostis” e “ilegais” as novas sanções americanas, que limitam a exportação de alguns produtos tecnológicos, e prometeu uma resposta.

A possível segunda etapa das sanções pode ir até a proibição de aterrissagem dos aviões das companhias aéreas russas em aeroportos americanos, ou a suspensão de relações diplomáticas entre os dois países.

O jornal russo “Kommersant” publicou, na quarta-feira, o que apresentou como um projeto de sanções americanas que exige, em particular, uma investigação sobre a suposta fortuna pessoal do presidente Vladimir Putin e proíbe os cidadãos americanos de comprarem dívida soberana russa.

Segundo o “Kommersant”, o plano incluiria sanções contra os grandes bancos públicos russos, como Sberbank, VTB e Gazprombank, e o setor dos hidrocarbonetos, essencial para a economia russa.

A Rússia está submetida a sanções ocidentais cada vez mais severas desde a anexação da Crimeia em 2014, as quais contribuíram, somadas à queda dos preços dos hidrocarbonetos, para provocar dois anos de recessão da qual saiu no final de 2016.

Em meio às acusações de ingerência russa na campanha eleitoral de 2016, os Estados Unidos não pararam de reforçar suas sanções nos últimos anos, apesar das promessas de reconciliação de Donald Trump.