Por Pavel Polityuk

KIEV/MARIUPOL (Reuters) – A Rússia intensificou sua nova ofensiva no leste da Ucrânia nesta sexta-feira, enquanto na cidade portuária de Mariupol equipes de voluntários coletavam cadáveres dos escombros depois que Moscou declarou vitória no local, apesar da resistência das forças ucranianas.

O Estado-Maior da Ucrânia disse que as forças russas aumentaram os ataques ao longo de toda a linha de frente no leste do país e estavam tentando montar uma ofensiva na região de Kharkiv, ao norte do principal alvo da Rússia, Donbas.

Um comandante militar russo de alto escalão afirmou que Moscou pretende tomar todo o sul da Ucrânia, objetivos de guerra muito mais amplos do que Moscou tem alardeado ultimamente, e o mais recente sinal de que pode não ceder após sua última campanha no leste.

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A Rússia diz que venceu a batalha de Mariupol, a maior luta da guerra, tendo tomado a decisão de não tentar extirpar milhares de soldados ucranianos ainda escondidos em uma enorme siderúrgica que ocupa grande parte do centro da cidade.

Kiev afirma que 100.000 civis ainda estão dentro da cidade e precisam ser retirados. Alega que a decisão de Moscou de não invadir a siderúrgica Azovstal é prova de que a Rússia não tem forças para derrotar os defensores ucranianos.

Em uma parte da cidade controlada pelos russos, as armas ficaram em grande parte silenciosas e moradores de aparência atordoada se aventuraram nas ruas na quarta-feira em um cenário de blocos de apartamentos carbonizados e carros destruídos. Alguns carregavam malas e utensílios domésticos.

Voluntários em trajes de proteção e máscaras brancas percorreram os destroços, coletando corpos de dentro dos apartamentos e carregando-os em um caminhão marcado com a letra “Z”, símbolo da invasão da Rússia.

A Maxar, empresa comercial de satélites, disse que imagens do espaço mostram valas comuns recém-cavadas nos arredores da cidade. A Ucrânia estima que dezenas de milhares de civis morreram na cidade durante quase dois meses de bombardeio e cerco da Rússia.

As Nações Unidas e a Cruz Vermelha dizem que o número de vítimas civis ainda é desconhecido, mas está pelo menos na casa dos milhares. A Rússia nega atacar civis e diz que resgatou a cidade de nacionalistas.

Em Zaporizhzhia, onde 79 moradores de Mariupol chegaram no primeiro comboio de ônibus autorizado pela Rússia para outras partes da Ucrânia, Valentyna Andrushenko segurou as lágrimas ao relembrar o calvário sob o cerco.

“Eles (os russos) estavam nos bombardeando desde o primeiro dia. Eles estão demolindo tudo”, disse ela sobre a cidade.

Kiev disse que nenhuma nova retirada foi planejada para sexta-feira. Moscou afirma que levou 140.000 moradores de Mariupol para a Rússia; Kiev diz que muitos deles foram deportados à força no que seria um crime de guerra.

O prefeito da cidade, Vadym Boichenko, que não está mais dentro de Mariupol, disse: “Precisamos apenas de uma coisa – a retirada total da população. Cerca de 100.000 pessoas permanecem em Mariupol”.

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