MOSCOU (Reuters) – A Rússia disse nesta terça-feira que concordou de “boa vontade” em estender o acordo do Mar Negro que facilita as exportações de grãos da Ucrânia, mas uma parte fundamental do acordo ainda não estava sendo implementada para a satisfação de Moscou.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, criticou o Ocidente por não fazer o suficiente para remover os obstáculos às exportações agrícolas e de fertilizantes da Rússia e disse que os contatos sobre o acordo continuarão.

Questionado sobre por que a Rússia estendeu o acordo por 60 dias –em oposição ao período de extensão de 120 dias estabelecido no acordo–, Peskov disse que a decisão de Moscou foi “um gesto de boa vontade… na esperança de que depois de tanto tempo, as obrigações assumidas sejam cumpridas.”

Acrescentou: “É óbvio que a segunda parte do acordo, que nos preocupa, ainda não foi cumprida… O acordo não pode se sustentar numa (só) perna”.

A Rússia diz que os países ocidentais se comprometeram a suspender as restrições que impedem suas próprias exportações de produtos agrícolas e de fertilizantes, mas não cumpriram esses compromissos.

“Agradecemos os esforços feitos pelas Nações Unidas, inclusive pessoalmente pelo secretário-geral”, disse Peskov na terça-feira.

“Mas, apesar disso, infelizmente, o Sr. (Antonio) Guterres não conseguiu romper o muro coletivo do Ocidente. As condições que foram acordadas como parte integrante do acordo não foram cumpridas.”

As sanções ocidentais não visam diretamente o setor agrícola da Rússia, mas Moscou diz que as medidas contra seguradoras, empresas de logística, navios e bancos russos atuam como um bloqueio de fato às exportações da Rússia.

(Reportagem da Reuters)

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