A Rússia anunciou nesta quinta-feira grandes projetos no Extremo Oriente do país, como a criação de uma gigantesca fábrica de produção de gás natural, destinados prioritariamente ao mercado asiático.

Os sócios do projeto, avaliado em 21,3 bilhões de dólares, “aprovaram a decisão final de investimento” para construir uma fábrica que, a partir de 2023, deve enviar gás natural liquefeito (GNL) da costa ártica da Sibéria para a Ásia.

A empresas de gás Novatek anunciou este acordo logo antes de começar a sessão plenária do Fórum Econômico Mundial do Leste, celebrada em Vladivostok (Extremo Oriente), onde falou o presidente russo Vladimir Putin, assim como os primeiros-ministros do Japão, Shinzo Abe, e da Índia, Narendra Modi.

Também participam com a Novatek, que é um grupo privado russo, a petroleira francesa Total, duas empresas chinesas (CNOOC e CNPC) e o consórcio japonês Mitsui-Jogmec, todas com 10% de participação.

“Quando estiver concluído, será uma grande conexão” entre os oceanos Pacífico e Ártico, disse Shinzo Abe em seu discurso. “Pela primeira vez na história da humanidade esses dois oceanos se tornaram um único, uma magnífica estrada de distribuição”, garantiu.

Putin subiu ao palco e fez um discurso sedutor para os diversos empresários presentes, russos e asiáticos, celebrando as conquistas de seu país nesta região remota e garantindo que, desde 2015, foram investidos 612 bilhões de rublos ali.

A região está repleta de “gente enérgica, trabalhadora”, disse Putin, e promoveu “as ricas reservas em recursos naturais” e as “indústrias do futuro” que estão se desenvolvendo no Extremo Oriente.

Nesta quinta, também foi anunciado outro projeto para a Ásia, um acordo entre o grupo petroquímico russo Sibur e o grupo público Gazprom para construir uma fábrica na fronteira com a China que produzirá polímeros, utilizados para todo tipo de produtos de plástico.

– ‘Lado a lado’ –

No mesmo discurso, Abe pediu que o Japão e a Rússia resolvam por fim suas disputas territoriais por quatro ilhas do arquipélago das Curilas, que desde a Segunda Guerra Mundial impediram de assinar um tratado de paz entre os dois países.

Abe e Putin se reuniram 27 vezes para tentar resolver esta disputa territorial, disse o japonês. O governo de Tóquio reclama as quatro ilhas, chamadas de Curilas do Sul na Rússia e de Territórios do Norte no Japão.

Na mesma sessão do fórum, o primeiro-ministro indiano Narendra Modi declarou querer andar “lado a lado com a Rússia nesta viagem visionária” para desenvolver os intercâmbios econômicos no Extremo Oriente.

Diante das tensões com os países ocidentais, começando pelos Estados Unidos, a Rússia mira cada vez mais na Ásia para buscar parceiros comerciais.