KIEV (Reuters) – A Rússia ameaçou nesta terça-feira punir a Lituânia com medidas que teriam um “sério impacto negativo” por bloquear alguns embarques ferroviários para Kaliningrado, exclave russo no Mar Báltico, na mais recente controvérsia sobre sanções impostas devido à guerra na Ucrânia.

No campo de batalha no leste da Ucrânia, representantes separatistas da Rússia disseram que estavam avançando em direção ao principal bastião de Kiev. Uma autoridade ucraniana descreveu uma calmaria nos combates como a “calma antes da tempestade”.

A mais recente crise diplomática está no exclave de Kaliningrado, um porto e uma zona rural circundante no Mar Báltico que abriga quase um milhão de russos, conectados ao resto da Rússia por uma ligação ferroviária através da Lituânia, membro da União Europeia e da aliança militar ocidental Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

A Lituânia fechou a rota para transporte de aço e outros metais ferrosos, o que diz ser obrigada a fazer sob as sanções da UE que entraram em vigor no sábado.

Autoridades russas disseram que outros produtos básicos também foram bloqueados. Imagens de vídeo do exclave mostraram alguns compradores em pânico no fim de semana em lojas que vendem materiais de construção.

Nikolai Patrushev, secretário do Conselho de Segurança da Rússia, visitou o exclave nesta terça-feira para liderar uma reunião de segurança no local. Ele disse que as ações “hostis” da Lituânia mostraram que a Rússia não pode confiar no Ocidente, que, segundo ele, quebrou acordos escritos sobre Kaliningrado.

“A Rússia certamente responderá a essas ações hostis”, afirmou Patrushev, segundo a agência estatal de notícias RIA. “Medidas apropriadas” estão sendo elaboradas e “suas consequências terão um sério impacto negativo na população da Lituânia”, disse ele, sem dar detalhes.

A primeira-ministra lituana, Ingrida Simonyte, disse que é “irônico ouvir retórica sobre supostas violações de tratados internacionais” da Rússia, país que ela acusou de violar “possivelmente todos os tratados internacionais”.

Ela negou que as ações da Lituânia equivalessem a um bloqueio e repetiu a posição de Vilnius de que está apenas implementando sanções impostas pela UE.

O enviado da UE Markus Ederer foi convocado ao Ministério das Relações Exteriores da Rússia nesta terça-feira. O porta-voz da UE Peter Stano disse que Ederer “explicou que a Lituânia está implementando as sanções da UE e que não há bloqueio, e pediu que eles se abstenham de etapas de escalada e retórica”.

O impasse cria uma nova fonte de confronto no Báltico, uma região já preparada para uma reforma de segurança que limitaria o poder marítimo da Rússia após a Suécia e a Finlândia se candidatarem para ingressar na Otan, colocando quase toda a costa sob controle da aliança.

Moscou convocou um diplomata lituano na segunda-feira, mas a UE desviou a responsabilidade dos lituanos, dizendo que a política foi resultado de uma ação coletiva do bloco. Vilnius “não estava fazendo nada além de implementar as diretrizes fornecidas pela Comissão (Europeia)”, disse o chefe de política externa da UE, Josep Borrell.

COMBATES

Dentro da Ucrânia, a batalha pelo leste se tornou uma guerra brutal de desgaste nas últimas semanas, com a Rússia concentrando seu poder de fogo em um bolsão ucraniano da região de Donbas que Moscou reivindica em nome de seus representantes separatistas.

Moscou tem feito progressos lentos desde abril em uma luta implacável que custou a ambos os lados milhares de soldados mortos, em uma das batalhas terrestres mais sangrentas na Europa por gerações.

Os combates abrangem o rio Siverskyi Donets que atravessa a região, com as forças russas principalmente na margem leste e as forças ucranianas principalmente no oeste, embora os ucranianos ainda estejam resistindo na cidade de Sievierodonetsk, na margem leste.

Nos últimos dias, a Rússia capturou Toshkivka, uma pequena cidade na margem oeste mais ao sul, dando-lhe um ponto de apoio potencial para tentar isolar o principal bastião ucraniano em Lysychansk.

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