LONDRES (Reuters) – A Rússia alertou o Ocidente nesta sexta-feira que o faturamento em rublos de bilhões de dólares em exportações de gás natural para a Europa pode estar a poucos dias de acontecer, a resposta mais dura de Moscou até agora às sanções impostas pela invasão da Ucrânia.

Com a economia russa enfrentando sua crise mais grave desde os anos que se seguiram ao desmembramento da União Soviética, o presidente Vladimir Putin revidou na quarta-feira o Ocidente, ordenando que as exportações de gás russo fossem pagas em rublos.

Putin disse que o Ocidente declarou guerra econômica ao congelar ativos russos e, portanto, a Rússia não via mais sentido em receber dólares ou euros pelas exportações russas.

O Kremlin disse na sexta-feira que Putin ordenou que a Gazprom, a maior empresa de gás natural do mundo, que fornece 40% do gás da Europa, aceitasse pagamentos de exportação em rublos, e que tinha apenas quatro dias para descobrir como fazer isso.

“Há uma instrução para a Gazprom do presidente da Federação Russa para aceitar pagamentos em rublos”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, a repórteres. “Esta informação será levada aos compradores dos produtos da Gazprom.”

Os compradores de gás têm buscado orientação sobre como obter os rublos para fazer tais pagamentos, dada a extensão das sanções à Rússia.

“Os pagamentos em rublos estão entre muito difíceis e impossíveis de serem organizados pela maioria dos compradores europeus, e certamente não em curto prazo”, disse Jonathan Stern, pesquisador do Instituto da Oxford de Estudos de Energia, à Reuters.

Se a Gazprom insistir em pagamentos em rublos e interromper as entregas se os pagamentos não forem feitos em rublos, “então, na minha opinião, isso seria uma violação dos termos do contrato”, disse ele.

Os pagamentos em rublos reforçariam a moeda russa, que despencou desde a invasão em 24 de fevereiro. O discurso de Putin elevou o rublo em 9% em relação ao dólar na quarta-feira.

Enquanto isso, os preços do gás holandês, a referência europeia, dispararam devido a preocupações sobre se os países estarão dispostos ou mesmo aptos a pagar em rublos.

(Reportagem da Reuters)

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