O governo russo declarou nesta sexta-feira (5) que conseguiu controlar o derramamento de 20.000 toneladas de hidrocarbonetos de uma usina termelétrica que atingiu um rio do Ártico.

“O avanço dos hidrocarbonetos foi interrompido. Eles não estão mais indo a lugar algum”, graças à implantação de estruturas flutuantes, disse à AFP um representante do Ministério de Situações de Emergência da Rússia na região de Krasnoyarsk, acrescentando que o bombeamento de combustível já havia começado.

“Esforços estão sendo feitos para eliminar a contaminação”, continuou esta fonte, que não foi capaz de dizer se a progressão do combustível parou no rio Ambarnaia, ou no lago Piassino, o que seria muito mais sério, pois suas águas fluem para o rio homônimo, muito importante para a região.

Um dos reservatórios de diesel da usina termelétrica NTEK, uma subsidiária da gigante de mineração Norilsk Nickel, localizada perto da cidade ártica de Norilsk, rompeu na semana passada, causando o vazamento de mais de 20.000 toneladas de hidrocarbonetos.

As equipes de socorro estão trabalhando para tentar limitar os danos, em um contexto complicado pelas dificuldades de acesso ao local e pela profundidade rasa do rio, que impede operações de barco.

Essa contaminação é considerada pelas organizações ambientais como o pior acidente ecológico na região.

A organização ambientalista Greenpeace Rússia afirmou que o acidente “é o primeiro dessa escala no Ártico” e o comparou ao naufrágio do Exxon Valdez, no Alasca, em 1989.

O rio Ambarnaïa se une ao lago Piassino, na origem de um rio com o mesmo nome, fundamental para a península de Taimyr, uma região estratégica onde a Rússia extrai metais preciosos, carvão e hidrocarbonetos.

O presidente Vladimir Putin declarou estado de emergência na quarta-feira e criticou publicamente os líderes locais, incluindo o presidente da afiliada da Norilsk Nickel, que demorou a reagir à crise.

O governador da região admitiu que soube da extensão real do vazamento apenas dois dias depois, pelas mídias sociais.

Três investigações criminais foram abertas. Segundo o Ministério Público, 180.000 metros quadrados de terra também foram poluídos antes que o petróleo chegasse ao rio.

A empresa nega ter cometido erros.

Nesta sexta-feira, o ministro de Situações de Emergência visitou o local para acompanhar o desenvolvimento das operações de socorro.

Em um comunicado, o ministério disse que, até o momento, “200 toneladas de gasolina, óleo e lubrificantes foram coletadas”.

De acordo com a Norilsk Nickel, o reservatório foi danificado quando os pilares de gelo perenes que o sustentavam “por 30 anos” começaram a afundar, um acidente que poderia ser atribuído ao derretimento do permafrost, devido às mudanças climáticas.

Um especialista da ONG WWF, Alexei Knijnikov, comentou, porém, que a lei russa exige que qualquer reservatório desse tipo seja cercado por uma estrutura de contenção, o que teria evitado o acidente.

“Grande parte da responsabilidade recai sobre a empresa”, apontou.