A Rumo Logística inaugura oficialmente nesta quinta-feira o trecho que vai de São Simão (GO) a Estrela D’Oeste (SP) na Ferrovia Norte-Sul. A companhia desembolsou no ano passado R$ 711 milhões para obras de infraestrutura do projeto e entregou a operação cinco meses antes do prazo.

De acordo com o presidente da Rumo, João Alberto Abreu, a conclusão do trecho sul da concessão – mais de 30 anos depois do seu anúncio oficial – demonstra que os projetos do setor de infraestrutura no Brasil vêm sendo destravados.

“O papel da iniciativa privada se mostra claro em um projeto como este, tanto do ponto de vista da velocidade de execução quanto dos benefícios à sociedade”, disse o executivo em entrevista ao Estadão/Broadcast.

A Rumo arrematou em leilão os trechos central e sul da Ferrovia Norte-Sul em março de 2019, em um contrato que inclui a conclusão de obras inacabadas. A concessão tem duração de 30 anos e compreende a 1.537 quilômetros entre Porto Nacional (TO) e Estrela DOeste (SP), em um projeto denominado Malha Central.

O trecho tem como grande objetivo levar a produção do agronegócio dos Estados de Goiás e Tocantins para ser exportada pelo Porto de Santos (SP). “Do ponto de vista da região, trata-se de um projeto transformacional”, diz Abreu.

Para tornar o trecho operacional, a Rumo investiu em obras de infraestrutura, incluindo a construção de quatro pontes entre os Estados de Goiás, Minas Gerais e São Paulo, além de um pátio de ligação em Estrela D’Oeste. A companhia também viabilizou a implantação dos trilhos que restavam para conectar esses três Estados.

Três terminais foram projetados para atender a região sudoeste de Goiás, o leste de Mato Grosso e o Triângulo Mineiro. O Terminal de São Simão é o primeiro a se tornar operacional, com capacidade de 5 milhões de toneladas por ano.

Em Rio Verde, a previsão de inauguração é para o final do primeiro semestre de 2021. “Trata-se de um terminal multimodal, que também vai movimentar combustível e contêineres, e vai ser o maior da Malha Central”, pondera Abreu. Já em Iturama (MG), o terminal deve ficar pronto no fim do primeiro semestre de 2022.

As obras do projeto acontecem em meio ao cenário de restrições da pandemia. Ainda assim, a Rumo conseguiu entregar a operação de São Simão antes do prazo. Além disso, em 2020 a empresa registrou um crescimento de aproximadamente 4% no volume total transportado, para 62,5 milhões de toneladas.

Abreu observa que, apesar dos enormes gargalos, o Brasil tem conseguido destravar projetos de infraestrutura e o horizonte se desenha positivo para o setor. O risco, porém, reside na questão fiscal do País, o que pode atrapalhar a retomada da economia.

“Quanto mais tempo demorar a vacinação da população contra a covid-19, mais riscos o Brasil corre de não equacionar a sua situação fiscal”, afirmou.