A ansiedade tomou conta da telefonia móvel brasileira. Diante da perspectiva da chegada, após 2003, dos potentes celulares de terceira geração ? que navegarão na Internet a uma velocidade de até 2 milhões de bits por segundo ?, operadoras e fabricantes de equipamentos entraram em uma corrida para tentar antecipar o mais rápido possível parte dos benefícios da nova onda celular. Quem deu o primeiro passo foi a Telesp Celular. ?Até setembro vamos oferecer o sistema CDMA 3G1X, que permite navegar a 144 mil bits contra os 14 mil atuais?, declara Abílio Henriques, presidente da companhia. Cerca de R$ 350 milhões serão gastos para permitir acesso à Internet em visores coloridos e trocas rápidas de e-mails. O novo sistema, na verdade, está um degrau abaixo do que será a terceira geração. Siglas à parte, a ambição de Henriques não tem limites. Pretende transformar metade dos seus 4,5 milhões de clientes em usuários do novo sistema. ?Os aparelhos deverão custar o mesmo dos atuais?, afirma.

Em compensação, a operadora quer cobrar mais caro para transmissões de dados via Internet. Hoje, paga-se R$ 0,42 por chamada local de voz ou de acesso à rede mundial de computadores por meio do sistema Wap. Em busca de mais receita com a tecnologia, a Telesp já fechou contrato com a Lucent e a Motorola e mantém conversas com a LG, Qualcomm e Samsung. Todo esse esforço é uma forma de tentar dar uma resposta à grande ameaça que é a chegada do sistema GSM no Brasil, em janeiro que vem. As futuras operadoras oferecerão aos clientes, além da velocidade de 144 mil bits por segundo, a possibilidade de viajar à Europa e Estados Unidos sem ter de mudar de celular.

Produtos para deslumbrar o usuário não faltarão. A Ericsson em setembro estará vendendo para usuários da Telesp Celular o modelo R 380 ? S, com visor de oito centímetros de comprimento por quatro de largura ? o dobro da média dos celulares atuais. Funciona inclusive como palm top. O consumidor assiste de camarote a essa corrida tecnológica.