Dezenas de milhares de romenos saíram de novo às ruas neste sábado em Bucareste para pedir a renúncia do governo socialdemocrata e expressar sua indignação com os “excessos” das forças de segurança na manifestação do dia anterior.

“Abaixo o governo!” e “justiça, não à corrupção!”, gritaram os manifestantes, cerca de 30.000 segundo os meios locais, sob os olhares dos membros das forças de segurança.

Milhares de pessoas protestaram também em outras grandes cidades, como Sibiu (centro) e Timisoara (oeste), segundo os meios de comunicação.

Na sexta-feira, cerca de 80.000 romenos, entre eles milhares de expatriados que voltaram para seu país para participar dessa manifestação, pediram a renúncia do governo socialdemocrata da primeira-ministra Viorica Dancila, acusando-a de “corrupção” e de querer “controlar a justiça”.

Os confrontos entre as forças de segurança e dezenas de manifestantes, na sexta-feira, deixaram mais de 450 feridos, entre eles cerca de 30 agentes de polícia.

Em duas mensagens no Twitter, o chanceler austríaco, Sebastian Kurz, “condenou a violência” na manifestação e lamentou que jornalistas, incluindo um funcionário da televisão pública austríaca ORF, estejam entre os feridos.

“A liberdade de expressão e a liberdade de imprensa são liberdades fundamentais da União Europeia (…) que têm de ser protegidas de maneira incondicional”, defendeu Kurz, cujo país exerce a Presidência rotativa da UE.

O presidente romeno, de centro direita, Klaus Iohannis, em conflito aberto com a maioria de esquerda, criticou “a intervenção brutal e desproporcional” das forças de segurança e pediu à Procuradoria Geral que abra uma investigação sobre as circunstâncias dessa operação.

Iohannis acusou as autoridades do Partido Socialdemocrata no poder de “conduzirem o país para o caos e a desordem”.

A ministra do Interior, Carmen Dan, afirmou que os agentes agiram respeitando a lei para “defender as instituições do Estado”.

Apesar das explicações, seguiam existindo dúvidas sobre a intervenção das forças de segurança, que recorreram a gases pimenta e lacrimogêneo antes mesmo de que os manifestantes radicais protagonizassem os primeiros incidentes.

A Romênia é palco de manifestações regulares há um ano e meio. Em fevereiro de 2017, meio milhão de pessoas saíram às ruas, mas até agora não havia sido registrado nenhum incidente violento.

Após sua volta ao governo no final de 2016, o Partido Socialdemocrata promoveu uma reforma judicial que, segundo a oposição, põe em risco a independência judicial e permitirá aos dirigentes políticos burlar a Justiça.

A reforma suscitou críticas por parte da Comissão Europeia e provocou uma onda de manifestações sem precedentes no país desde a queda do regime de Ceaucescu, em 1989.