O empresário Roberto Medina tem em seu sítio um gavião. A ave não é um capricho de um amante da natureza. O bicho é a recordação viva de um dos mais dramáticos episódios de sua vida. Ele recebeu o animal de seu seqüestrador, Maurinho Branco, há dez anos, ainda no cativeiro, no Rio de Janeiro. Agora, recorda descontraído o resgate que comoveu o País. Aos 52 anos, Medina retoma um projeto interrompido na mesma época, o início dos anos 90: vai fazer bastante barulho com a terceira versão do Rock in Rio, marcada para janeiro de 2001. Os acordes das músicas do novo show já estão garantidos por uma empresa da nova economia. O provedor America Online (AOL) vai patrocinar o espetáculo e, de quebra, entregou metade de sua conta publicitária ? R$ 35 milhões ? para a Artplan, da qual Medina é sócio. Serão sete dias de música a um custo total de R$ 60 milhões. Haverá outros patrocinadores, menores, e 55 lojas são oferecidas a empresas, na ?Cidade do Rock?, para completar o investimento.

Com o primeiro Rock in Rio, em 1985, Medina parou a cidade, lotou o local do show em Jacarepaguá e projetou seu nome e a marca registrada. Trouxe bandas famosas na época, mas lucro mesmo não viu. O desafino econômico se repetiu na segunda versão do espetáculo. Desta vez, calcula Medina, vai faturar mais de R$ 3 milhões. Deverá ganhar, também, com a promoção de seus bares, os Rock In Rio Café. Para atrair público e patrocinador, o empresário recorre ao marketing social. No passado, defendeu projetos polêmicos como o da emancipação da Barra da Tijuca, bairro de classe média do Rio. Agora, pretende destinar R$ 1 milhão da bilheteria para a formação de 1.500 jovens de famílias carentes. ?A empresa que investe no social ganha duas vezes. O consumidor aceita pagar mais caro pelo produto e os que recebem ajuda se tornam novos consumidores?, ensina o empresário. Vaidoso, sempre bem vestido e penteado, Medina é o verdadeiro garoto-propaganda do evento. Demonstra confiança na volta ao show business e garante que não teme a exposição pública. Ele quer, como o gavião, voar alto. E curtir um som com a namorada de 28 anos.