Nada como a ameaça externa para que dois concorrentes se unam. Na semana passada, a Aracruz Celulose e a Votorantim Celulose e Papel (VCP) formaram uma sociedade para garantir, por US$ 670,5 milhões, o direito de aquisição de 51,48% da mineira Cenibra, fabricante de celulose da Companhia Vale do Rio Doce. A conclusão do negócio dependerá da Japan Brazil Paper (JBP), dona das demais ações e que tem direito de preferência. Tudo indica que a JBP, um consórcio de 14 empresas japonesas, fará apenas algumas mudanças no novo contrato, como por exemplo uma garantia para que parte da produção seja vendida para o Japão.

A união de dois pesos pesados do setor e o alto preço ofertado têm uma lógica. Se partissem sozinhas para briga, poderiam acabar perdendo para um concorrente internacional, o que teria influências negativas sob o preço da commodity. Se a aquisição se confirmar, em breve, Aracruz e VCP estarão controlando, juntas, quase 60% da produção mundial de celulose de eucalipto. A venda da Cenibra, que produziu 818 mil toneladas de celulose em 2000, é parte da estratégia da Vale de se concentrar em mineração. Em fevereiro, a ex-estatal vendeu sua participação na Bahia Sul para a Suzano, por US$ 320 milhões.