O diretor de Regulação do Banco Central (BC), Otavio Damaso, cobrou nesta terça-feira, 14, maior cooperação e interlocução entre os atores do setor de tecnologia financeira, assim como o fortalecimento do arcabouço regulatório, para mitigar o risco cibernético num momento em que os bancos vivem a era da digitalização.

Durante congresso que reuniu, na zona sul da capital paulista, executivos do setor de meios eletrônicos de pagamentos, Damaso ressaltou que o tema tem recebido “muita atenção” das diretorias do BC e defendeu uma agenda de debates com as entidades do sistema financeiro sobre como “endereçar de forma mais apropriada” os riscos cibernéticos.

“Podemos pensar como coordenar melhor, compartilhar mais ideias, para fortalecer o sistema como um todo”, afirmou o diretor do BC. Ele citou Hong Kong e Cingapura como exemplos bem-sucedidos de modelos onde houve cooperação entre agentes do mercado com o órgão regulador.

Ele afirmou que o BC apoia e considera bem-vinda a inovação das indústrias bancária e de meios de pagamento, mas ressaltou a missão “jamais abandonada” da autarquia de zelar pela estabilidade financeira. Para o diretor do BC, os riscos tradicionais do sistema – como os riscos de crédito, de mercado e de liquidez – estão de “certa forma” resolvidos, enquanto o risco cibernético pode se materializar de forma muito mais rápida e abrangente. Por isso, suas vulnerabilidades precisam ser reduzidas para que o setor financeiro cresça de forma sustentável, comentou.

Em sua palestra, Damaso disse ainda que o BC tem estudado a regulamentação da atuação das fintechs – como são conhecidas as empresas de tecnologia financeira – no mercado de crédito. “Estamos estudando como podemos aperfeiçoar as normas para que entrantes entrem num modelo mais propício para crescer e avançar.”

A regulamentação mais ampla da digitalização é outro tema em discussão pela autarquia, informou Damaso. Segundo ele, uma das possibilidades é lançar uma regra guarda-chuva para a digitalização bancária, corrigindo excessos em regulamentações complementares.