O Brasil investiu US$ 49,5 bilhões em Tecnologia da Informação em 2020, segundo estudo realizado Associação Brasileiras das Empresas de Software (Abes), com dados do IDC. Aumento de 11,1% em relação a 2019, enquanto o crescimento médio mundial foi 4,3%. É o 9º maior mercado global do setor. Segmento bilionário que atrai para o País as gigantes mundiais de software, hardware e serviços. Com alto consumo de novas ferramentas tecnológicas, prato cheio também para manutenção e suporte, que muitas vezes ficam também a cargos das big techs. Para reverter essa propensão, a Rimini Street oferece esses serviços num ponto que conquista o brasileiro: preço. Segundo a empresa, metade do preço.

A estratégia tem incomodado os principais players do mercado. A companhia americana, criada em 2005 e que completa dez anos de atuação no Brasil em novembro, tem ganhado espaço ao conquistar clientes de expressão, como Burger King, Copersucar, Dasa, Dpaschoal, Oi, Riachuelo e Transpetro. O plano é atingir, até 2026, US$ 1 bilhão em receita anual, o que significa mais do que triplicar o faturamento de 2020, na ordem de US$ 326 milhões. O País é fundamental nessa estratégia. “O Brasil e a América Latina são regiões chave para o crescimento futuro da Rimini Street”, disse à DINHEIRO Seth Ravin, fundador, CEO e presidente do conselho da Rimini Street. “Hoje, apoiamos quase 300 organizações com operações na região, com forte presença em manufatura, varejo, agricultura, energia, tecnologia, telecomunicações, governo e outros setores.”

A empresa chegou ao Brasil pelas mãos da Embraer no fim de 2011. Era um cliente expressivo que fez a companhia montar uma estrutura local para atendê-lo. Até 2015 a fabricante de aviões ficou praticamente como contratante única por aqui. Até que começou a fazer prospecção de potenciais clientes, que hoje já são 125 entre os 3 mil globais, em um setor marcado por cotoveladas entre os concorrentes, tratados entre eles de “arquirrivais”, como afirmou Edenize Maron, gerente-geral da Rimini Street para a América Latina.

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“Temos uma equipe com média de 48 anos. São seniores em um setor de manutenção majoritariamente júnior” Edenize maron gerente da Rimini.

Isso ocorre porque companhias como Oracle, Salesforce e SAP, que dominam o mercado brasileiro de softwares empresariais, também oferecem serviço de suporte e manutenção de seus produtos, um fermento para fazer crescer o bolo de seus contratos. Quando outra companhia se propõe a fazer o mesmo trabalho com custos que podem ser 50% mais baixos, dispensável dizer que a guerra está declarada.

MONOPÓLIO Uma guerra benéfica, na avaliação de Vivaldo José Breternitz, professor da Faculdade de Computação e Informática da Universidade Presbiteriana Mackenzie. “Isso permite uma espécie de quebra de monopólio. É uma forma interessante de baixar os preços através do aumento da competição”, afirmou o especialista. O time é um dos diferenciais da Rimini, de acordo com Edenize Maron. “Temos uma equipe com média de 48 anos. São seniores em um setor de manutenção majoritariamente júnior, seja por falta de mão de obra, seja por questões de margem [de lucro]”, disse a diretora. Colaboradores que colocam em prática a otimização dos processos de suporte.

Em 2020, a Rimini reduziu o tempo de resolução de problemas de software em 23% e diminuiu os tempos de resposta para casos críticos de ‘prioridade 1’ de 15 minutos para 10 minutos e para casos graves de ‘prioridade 2’ de 30 minutos para 15 minutos. O balanço do ano passado aponta ainda o encerramento de 33 mil casos de suporte e entrega de 89 mil atualizações fiscais, jurídicas e regulatórias para empresas de 58 países, incluindo 6 mil atualizações de emergência relacionadas especificamente à pandemia. O custo reduzido é outra carta na manga da companhia americana. “Gastar bem é importante para os clientes”, afirmou Edenize. O mercado pode ser bilionário, mas ninguém está rasgando dinheiro.