A Arábia Saudita revelou à imprensa nesta sexta-feira (20), pela primeira vez, os estragos em suas instalações de petróleo atacadas em 14 de setembro, insistindo em sua determinação de restabelecer rapidamente sua produção, apesar do aumento da tensão na região.

Os ataques foram atribuídos ao Irã pelos Estados Unidos, que evocaram “um ato de guerra”. Teerã nega qualquer responsabilidade e advertiu para o risco de uma “guerra total”, em caso de resposta americana, ou saudita.

O campo de petróleo de Khurais, no leste da Arábia Saudita, sofreu quatro ataques em 14 de setembro e ficou em chamas por cinco horas, disse a jornalistas a gigante petrolífera saudita Aramco nesta sexta.

Abqaiq, 200 quilômetros ao nordeste de Khurais, abriga a maior usina de processamento de petróleo. No local, foram registrados 18 ataques, segundo responsáveis da Aramco.

Um grupo de jornalistas teve acesso à área afetada pelos ataques, onde se vê danos à infraestrutura e guindastes espalhados no meio dos resíduos calcinados.

No Khurais, os técnicos ainda estão avaliando os danos causados a um “estabilizador”, uma torre de metal que serve para remover gás e hidrogênio do petróleo.

Em Abqaiq, “6.000 trabalhadores estão envolvidos na reparação”, informou um responsável da Aramco, Khaled al-Ghamdi, que apontou para uma torre muito danificada.

“Várias zonas sensíveis da usina foram atingidas”, segundo outro responsável.

A visita foi organizada um dia após a visita à região do secretário de Estado americano, Mike Pompeo, que pareceu tentar acalmar a situação, afirmando que os EUA “privilegiam uma solução pacífica” com o Irã.

O número dois da diplomacia saudita, Adel al-Jubeir, reagiu no Twitter, advertindo que toda complacência encorajaria o Irã “a cometer outros atos de terrorismo e sabotagem” na região.

No momento dos ataques, que reduziu pela metade a produção de petróleo de Riad e causou um aumento nos preços, “havia entre 200 e 300 pessoas nas instalações” em Khurais, disse Fahad Abdelkarim, um dos diretores da Aramco.

“Houve quatro explosões e vários incêndios. Ninguém ficou ferido”, afirmou.

Segundo as autoridades sauditas, pelo menos 18 drones e sete mísseis foram usados nos ataques.

As perdas materiais são consideráveis: “grandes tubos metálicos foram deformados pelo impacto das explosões”.

Apesar dos danos, a Aramco está otimista com a retomada total da produção até o final de setembro.

“Uma equipe de emergência foi formada para reparar a usina, relançar as atividades e recuperar a produção”, ressaltou Abdelkarim.

“Menos de 24 horas após o ataque, 30% da usina estava operacional”, afirmou, prometendo que “vamos voltar e ser mais fortes”.

Ao mesmo tempo, os rebeldes huthis do Iêmen acusaram a coalizão liderada pela Arábia Saudita por uma “grave escalada em Hodeida”, cidade portuária do oeste do Iêmen, com objetivo de dinamitar o acordo alcançado em dezembro em Estocolmo sobre uma trégua e uma retirada militar na localidade.

“Os ataques intensos contra Hodeida constituem uma grave escalada que pretende dinamitar o acordo da Suécia”, declarou Mohamed Abdesalem, um dos líderes huthis, citado pelo canal de televisão Al-Masirah, um dia depois da ofensiva anunciada pela coalizão.

“A coalizão será considerada responsável pelas consequências desta escalada, e a postura da ONU a respeito será observada com interesse”, completou.

Em conversa por telefone com o rei saudita Salman, presidente chinês, Xi Jinping, pediu nesta sexta-feira para se evitar que as decisões “favoreçam uma escalada” e condenou os ataques contra as instalações petrolíferas.

O presidente americano, Donald Trump, anunciou nesta sexta-feira um novo pacote de sanções contra o sistema bancário iraniano, especificamente contra o Banco Central.

Presente no Iêmen desde 2015, a coalizão liderada pela Arábia Saudita anunciou na quinta-feira o início de uma operação militar contra os rebeldes huthis apoiados pelo Irã, o primeiro ataque desde a agressão contra as instalações petroleiras sauditas na semana passada.