A Riachuelo, uma das mais tradicionais redes de moda do País e a principal bandeira do Grupo Guararapes, quer voltar a ser jovem aos 70 anos. Para seduzir consumidores das novas gerações, a empresa vai lançar no final de maio sua primeira loja FanLab, voltada ao público geek e aos fãs de personagens do cinema, dos videogames e de super-heróis. Nas vitrines, os protagonistas da nova frente de negócio estarão figuras de histórias como Harry Potter, Marvel, DC, Star Wars, Free Fire e PKXD. Além de ser rápida como no modelo fast fashion, a nova empresa planeja se conectar a um perfil de consumidor que, até agora, não se identifica com o estilo de moda das vitrines das grandes redes do setor, mas que vai movimentar um mercado de US$ 339 bilhões até 2027, segundo a consultoria Mordor Intelligence.

A FanLab, sob o comando de Julia Medeiros, hoje a executiva responsável pela área de licenciamentos da Riachuelo, foi estruturada nos últimos anos e nasce para suprir a demanda de um público que também busca mais do que promoção, quer propósito. “É um segmento ainda carente de ofertas no País”, disse Julia. “Por isso, independentemente do avanço da concorrência e da entrada de outros players no mercado, o desafio da FanLab será o de sempre se superar.”

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“É um segmento ainda carente de ofertas no País. O desafio da FanLab será o de sempre se superar” Julia Medeiros Executiva de Licenciamento da Riachuelo

As duas primeiras lojas da FanLab serão inauguradas em shoppings de São Paulo. A expectativa é que até o final deste ano cinco unidades físicas estejam funcionando. Segundo Julia, o propósito é trazer novas experiências para os consumidores, ampliando o sortimento de produtos disponibilizados na loja e os licenciamentos realizados. “A FanLab nasce multicategoria. A gente não vai oferecer só o produto da Riachuelo, vamos oferecer a revista da Panini, o chapéu seletor da Sunny, terei a linha da Lego”, afirmou a executiva. “Tudo para levar o que temos de mais bacana daquele personagem.” No e-commerce, a estratégia prevê a criação de um marketplace, em um primeiro momento. A loja virtual terá produtos da FanLab e parceiros da Riachuelo, que passarão por um processo de curadoria.

A diversificação Riachuelo também se consolida em um momento importante para a concorrência no varejo de moda do País. Nos últimos anos, o aumento da participação de empresas estrangeiras como Shein e marketplaces como Shopee e Ali Express acenderam um sinal de alerta nas redes mais tradicionais. A chinesa Shein já fatura mais de R$ 2 bilhões no Brasil e tem investido pesado no mercado nacional. Em março, inaugurou sua primeira loja pop-up no Rio de Janeiro e atualmente estrela uma campanha publicitária com a cantora Anitta. Já a Shopee, empresa criada em Cingapura em 2015, chegou ao Brasil em 2019 e possui mais de 1 milhão de vendedores locais na plataforma.

NOVO PÚBLICO Desde 2016, a rede tem buscado atrair o consumidor jovem, com lojas e produtos licenciados. (Crédito:Divulgação)

DIVERSIFICAÇÃO Desde 2016, a Riachuelo intensifica sua aposta no segmento nerd, com a ampliação de contratos de licenciamento iniciados anos antes. A iniciativa resultou na criação da geek week, com a promoção dos produtos com essa temática durante o mês de maio, e a participação de empresas em eventos do setor, como a Comic Con Experience. A aposta no modelo mostrou resultados positivos, segundo a empresa. Tanto é que a Riachuelo é a varejista com o maior número de licenças no País atualmente. O mercado de licenciamento, inclusive, é um que não para de crescer. Dados da Associação Brasileira de Licenciamento de Marcas e Personagens (Abral) mostram que só em 2021 o segmento teve um faturamento de mais de R$ 21 bilhões, aumento de 5% em relação aos dados de 2020. E o segmento de confecções é justamente o que mais movimenta esse setor.

Na avaliação de Josmar Andrade, professor de marketing da EACH/ USP e especialista em branding, a boa recepção dos consumidores e o potencial de atuação justificam o interesse da Riachuelo em criar uma marca específica para os novos clientes. “Ao diversificar, a empresa está explorando outros mercados que não consegue atingir com o produto principal, ao mesmo tempo que mantém a sinergia e as economias com o negócio central. Uma iniciativa como essa permite a aproximação com um público que talvez tenha perdido.” O plano da Riachuelo é fazer com que a FanLab seja como uma aventura de super-heróis, que sempre termina com um final feliz.