Entre as 12.950 empresas brasileiras mapeadas pela Associação Brasileira de Startups (ABStartups), apenas 0,99% (128) são da área de RH. Dos 44 segmentos que fazem parte da lista da entidade, o de recursos humanos ocupa o distante 24º posto, num ranking encabeçado por edutechs (7,18%) e fintechs (4,26%). Mudar esse quadro é a nova bola da vez, especialmente num momento em que a economia vive ondas de alta volatilidade. “O mercado de RH Tech é recente no Brasil e até mesmo nos Estados Unidos”, diz Thaylan Toth, CEO e fundador da Mindsight. “Em geral, até há pouco tempo o setor era muito burocrático, sem ser estratégico.” A startup aposta em Inteligência Artificial para prover soluções de recrutamento baseada em performance e sem viés.

A principal ferramenta desenvolvida pela empresa – chamada MindMatch – busca maximizar a triagem de candidatos baseada em três pilares: ser assertiva, analítica e justa. “Isso é feito por meio de algoritmos que ajudam a predizer quem são as pessoas com maior probabilidade de sucesso para a posição buscada”, afirma Toth.

A ferramenta é bastante simples. Cada cliente (a empresa contratante) possui um login para acessar o sistema e cadastrar seus candidatos, enviar testes a eles e acompanhar o desempenho. “O objetivo de nossa solução é contemplar duas premissas: encontrar candidatos que possuem ‘fit’ com a cultura da empresa e candidatos com ‘fit’ para a posição. Quando isso ocorre, chamamos de match”, diz. “O gestor passa a ter uma dimensão mais acurada dos candidatos que entrevista.”

OS 5 ASSESSMENTS Para definir o perfil ideal, a Mindsight utiliza cinco assessments – termo usado no RH para testar e dimensionar as habilidades dos pretendentes às vagas: Estilo de Trabalho (o quanto candidato e empresa têm crenças semelhantes), Personalidade (mede 16 atributos dos candidatos), Raciocínio Fluido (relacionado à velocidade de aprendizado), Situacional (habilidades interpessoais) e de Inferências (se a pessoa enfrenta riscos e deixa a zona de conforto). O match de cada candidato é comparado a uma espécie de desvio padrão de profissionais já de referência daquele mercado. “Os assessments são uma metodologia de seleção e a psicologia organizacional diz respeito a todas as interações das pessoas nas organizações.”

Nos pacotes vendidos pela companhia há quatro algoritmos padrão de Inteligência Artificial – para posições das áreas de Vendas, Atendimento, Analíticas e Generalistas. Mas é recomendado que as empresas trabalhem em algoritmos personalizados. O objetivo da empresa é encontrar o candidato perfeito para determinada vaga dentro de determinada cultura (a da organização contratante) evitando “vieses e achismos”, diz Toth. Viés tanto do candidato quanto do recrutador (ver quadro). Isso acaba, paralelamente, reduzindo também escolhas baseadas em gênero ou cor, que tanto distorcem o mercado de trabalho.

A Mindsight, fundada em 2015, atua com 267 empresas clientes no modelo de negócio mais conhecido por SaaS (Software as a Services) e faturou R$ 3,9 milhões em 2019, praticamente zerando a operação. Para este ano, a previsão é ter receitas de R$ 12 milhões. Além de Toth, a startup tem como sócio Marcio Tomiyoshi, cofundador e CTO, recebeu rodada inicial de investimentos da Stone e, mais recentemente, da Senior Sistemas, empresa de tecnologia para RH. Mas a performance financeira não tem como lastro e vetor apenas a tecnologia. “Nós bebemos na fonte da psicologia”, diz Toth. “E usamos a Inteligência Artificial para tornar os processos de seleção mais assertivos e justos.”