Uma iniciativa da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura pode ser decisiva para separar o que é opinião do que é fato quando o assunto é a pegada verde do Brasil. O recém-lançado Observatório da Restauração e Reflorestamento é uma plataforma colaborativa on-line em que a sociedade civil e pesquisadores reúnem e consultam dados sobre 66,7 mil hectares de áreas restauradas, 9,35 milhões de hectares de reflorestamento e 10,99 milhões de hectares em regeneração natural mapeadas até o momento. De acordo com o levantado, é na Mata Atlântica que se observa o maior número de projetos de Reflorestamento (5,37 milhões de hectares) e de Restauração (61,69 mil hectares). Já a Floresta Amazônica foi o bioma com maior nível de regeneração natural (9,63 milhões de ha), seguida por Mata Atlântica (794,46 mil ha) e Cerrado (399,5 mil ha).

De trágico, os números apontam que o Brasil cumpriu somente 0,55% da meta de 12 milhões de hectares que se comprometeu a restaurar como contribuição na luta contra as mudanças climáticas firmada em 2015, no Acordo de Paris. “O retrato do Brasil está muito feio”, afirmou Fábio Alperowitch, da Fama Investimento. Ainda que o País tenha uma área florestal maior do que a Europa, afirmou ele, “somos menos verdes do que 100 anos atrás. Já o continente europeu, mesmo tendo passado por duas grandes guerras mundiais, é mais verde hoje do que há um século”. Enquanto a área florestal europeia perdeu, entre 1750 e 1850, cerca de 190 milhões de hectares, de 1850 até os dias de hoje cresceu cerca de 386 milhões de hectares. Hoje, é 10% maior do que antes da Revolução Industrial. Já no Brasil foram desmatados 700 milhões de hectares da Amazônia. Isso equivale a 23 Bélgicas ou 17 Holandas.

(Nota publicada na Edição 1214 da Revista Dinheiro)