A vitória dos republicanos no Senado e dos democratas na Câmara dos Estados Unidos trará novos desafios para a administração interna de Donald Trump, mas dificilmente alterará a forma do país em lidar com o comércio exterior, apontam especialistas ao site CNBS.

Apesar de sua importância nos rumos da democracia norte-americana, o Congresso não tem peso no controle da política comercial. Nessa área predomina o Executivo e a visão do presidente, independente da aprovação ou não do Legislativo.

“O Congresso não tem muita capacidade de controlar a política comercial”, afirmaram analistas da RBC Capital Markets em nota. Em vez disso, “o Salão Oval tem amplos poderes para agir unilateralmente”, o que significa que o presidente provavelmente “continuará impulsionando sua agenda comercial.”

Em suma, as relações dos EUA com os outros países, em especial a China, se manterão da mesma forma. “No comércio, será o mesmo, se não pior, em termos de EUA-China”, disse Steven Okun, consultor sênior da McLarty Associates, na semana passada.

Pesquisas apontam que democratas e republicanos compartilham da mesma opinião sobre o endurecimento nas negociações com os chineses. Disso surge um apoio bipartidário balizando as decisões de Trump em engrossar gradativamente o tom com o país asiático.

“Há menos meio termo para políticas comerciais práticas do que tem tido historicamente”, disse David Adelman, ex-embaixador dos EUA em Cingapura e professor adjunto da Universidade de Nova York. “Democratas partidários tradicionalmente têm sido mais protecionistas, enquanto os republicanos de Trump são extremamente agressivos em relação a tudo que se relaciona com a China.”

Como resultado, Adelman disse que as eleições legislativas não afetariam as políticas protecionistas de Trump. A única justificativa para maior pressão do Congresso seria caso a economia nacional estivesse em queda, acrescentou.

União Europeia e OMC

No entanto, se Trump reintroduzir tarifas sobre a União Europeia ou retirar seu país da Organização Mundial do Comércio (OMC), os democratas poderiam intervir.

“Embora o comércio não seja necessariamente uma questão crítica para os democratas, é improvável que eles apoiem ​​uma guerra comercial com aliados tradicionais, como a União Europeia”, disseram economistas do ING em nota divulgada antes do resultado das eleições.

“É improvável que a retirada da OMC receba muito apoio dos democratas, portanto, o Congresso deve apresentar mais resistência em relação à política comercial do que antes.”