Imagine um restaurante tão exclusivo que é impossível conseguir uma mesa ou fazer uma reserva. Em qualquer dia, mês ou época do ano. Motivo: as mesas têm dono. Isso mesmo. No Rao?s, um tradicional restaurante italiano com apenas oito mesas na 114TH Street, no East Harlem, em Nova York, cada mesa é uma espécie de patrimônio, que chega a ser transmitido de pai para filho. Na verdade, os donos são os clientes assíduos que reservam as mesas por longas temporadas. Quando não pretendem usá-las, eles podem emprestá-las a amigos. Agora, se o dono da mesa não aparecer e não tiver para quem emprestar, ela fica vazia. Mas isso nunca acontece. Na privilegiada lista dos freqüentadores estão altos executivos de grandes corporações, como Kenneth Chenault, CEO da American Express e William Clay Ford Jr, presidente da Ford, além de Richard Grasso, chairman da Bolsa de Valores de Nova York, e do bilionário Donald Trump.

Mas o que atrai tanta gente de prestígio ao pequeno restaurante, fincado no Harlem? Suas peculiaridades, dizem os privilegiados habitués. O restaurante não abre aos finais de semana e só aceita pagamentos em dinheiro. Peculiaridades como essas que, em plena Nova York, deveriam espantar a freguesia, tornam o Rao?s cada vez mais desejado. Ser dono de uma mesa no Rao?s é sínônimo de status e poder. Mas há também outro fator para o sucesso do Rao?s: o clima familiar. O prédio de fachada vermelha abriga um ambiente parecido a uma sala de estar, com decoração simples e quadros kitsch, além de uma jukebox que só toca Frank Sinatra. Desde a sua inauguração, em 1896, o Rao?s é dirigido pela mesma família. Frank Pellegrino, da terceira geração, é o comandante-em-chefe do Rao?s. Ele, pessoalmente, fica à porta do restaurante recebendo seus clientes cativos.