As reservas de água pesada do Irã, que podem servir para produzir plutônio usado na fabricação de armas atômicas, excederam o limite estabelecido pelo acordo internacional sobre o programa nuclear iraniano, informou nesta segunda-feira (18) a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

Durante uma revisão realizada pela agência no domingo, ficou constatado que a reserva de água pesada do Irã “foi de 131,5 toneladas”, superior à reserva autorizada de 130 toneladas.

É a primeira vez que a AIEA constata que tenha superado esse valor desde que Teerã anunciasse, em maio, que iria se desvincular progressivamente do acordo.

Este registro chegou depois que “em 16 de novembro de 2019, o Irã informou ao Organismo que suas reservas de água pesada haviam superado as 130 toneladas”, informou a AIEA nesta quinta-feira em um documento enviado aos países membros do conselho de governadores do país, que faz parte da ONU e que se reúne nesta semana em Viena.

A água pesada não é radioativa, mas é utilizada e, alguns sistemas de reatores nucleares como moderador para desacelerar os nêutrons resultantes das fissões nucleares.

A produção de plutônio pode ser uma alternativa ao enriquecimento de urânio para a fabricação da bomba atômica.

Em reação à retirada unilateral dos Estados Unidos do acordo de 2015, o Irã renunciou em maio a continuar cumprindo os compromissos acordados no marco do texto, do que continuam fazendo parte os países europeus signatários, assim como China e Rússia.

Asfixiado pelo restabelecimento das sanções americanas, Teerã pretende pressionar os países europeus para que lhe ajudem a driblar a política de Washington.

Nesse sentido, o Irã deixou de respeitar o limite das reservas de urânio enriquecido (300 kg) estipulado pelo acordo e também superou o patamar que proibia o país de enriquecer urânio de isótopo 235 a um nível superior a 3,67%.

Desde setembro, o país produz urânio enriquecido em sua usina de Natanz (centro) com centrífugas que o acordo proíbe.

Em 7 de novembro, o Irã anunciou que havia retomado o enriquecimento de urânio em sua usina subterrânea de Fordo (centro), e em maio advertiu que poderia retomar seu projeto de construção de um reator de água pesada – suscetível de produzir plutônio algum dia – em Arak (centro).