O governo tcheco anunciou nesta quinta-feira (22) que limitará o tamanho da missão diplomática russa, após uma crise nas relações entre Praga e Moscou que fez com que dezenas de diplomatas fossem expulsos esta semana de ambos os lados.

O ministro das Relações Exteriores, Jakub Kulhanek, declarou que a Rússia terá até o final de maio para reduzir o número de funcionários na embaixada russa, a fim de igualar as duas embaixadas.

A República Tcheca já expulsou 18 diplomatas russos e Moscou retaliou expulsando 20 diplomatas tchecos na segunda-feira, após as acusações de Praga do envolvimento de agentes secretos russos em uma explosão mortal em 2014 em solo tcheco.

A representação tcheca em Moscou agora tem apenas cinco diplomatas e 19 outros membros auxiliares, enquanto Moscou tem atualmente 27 diplomatas e 67 outros funcionários em sua embaixada em Praga.

“De acordo com o Artigo 11 da Convenção de Viena (sobre relações diplomáticas), limitaremos o número de funcionários da embaixada russa em Praga ao número real de nossa embaixada em Moscou”, disse Kulhanek aos repórteres.

O ministro deu a Moscou um ultimato na quarta-feira para permitir que 20 diplomatas tchecos expulsos voltem ao trabalho ao meio-dia desta quinta-feira, dizendo que não fizeram nada de errado.

“A reação da Rússia foi absolutamente desproporcional, os diplomatas não fizeram nada de errado”, disse ele hoje, enfatizando que Praga havia expulsado anteriormente apenas 18 diplomatas russos sob suspeita de espionagem.

A Convenção de Viena de 1961 estipula que se não houver acordo sobre o tamanho das embaixadas entre dois países, deverá ser mantido dentro de limites considerados “razoáveis e normais”.

Kulhanek indicou que Praga estava pronta para discutir essas questões com a Rússia no futuro.

A República Tcheca acusa o serviço secreto russo de estar na origem de uma explosão em um depósito de munições perto do vilarejo de Vrbetice em 2014, que matou duas pessoas.

A polícia tcheca investiga o suposto papel na explosão de dois homens com passaportes russos com os mesmos nomes dos suspeitos na tentativa de envenenamento por Novichok do ex-agente duplo Serguei Skripal em Salisbury, Reino Unido, em 2018.

A munição visada nas explosões de 2014 pertencia a um traficante de armas búlgaro. De acordo com relatos da mídia, ele estava vendendo armas para a Ucrânia.

A explosão de Vrbetice ocorreu no ano em que a Rússia anexou a península da Crimeia à Ucrânia e um conflito estourou entre as forças ucranianas e rebeldes apoiados pela Rússia no leste do país.