Por Rodrigo Viga Gaier

RIO DE JANEIRO (Reuters) – A renda média dos brasileiros caiu em 2021 para o menor nível desde 2012 devido principalmente à redução do auxílio emergencial e ao aumento da inflação, de acordo com dados divulgados nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).

O rendimento médio mensal real domiciliar per capita teve queda de 6,9% no ano passado e ficou em 1.353 reais, o menor valor da série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua iniciada em 2012. Em 2020, o rendimento foi de 1.454 reais.

A inflação elevada afetou o rendimento, assim como a mudança nos critérios de concessão do auxílio-emergencial em 2021. Também influenciou a dinâmica do mercado de trabalho, que abriu mais vagas no ano passado para trabalhadores informais, que tendem a ter menor renda.

“O mercado de trabalho no primeiro ano da pandemia foi muito afetado por medidas sanitárias, especialmente comércio, serviços, trabalhadores sem carteira e por conta própria. Quando a flexibilização aconteceu, alguns voltaram ao mercado mas com rendimento menor, e isso puxou para baixo a renda”, explicou a pesquisadora do IBGE Alessandra Scalioni.

“A exceção foi a renda de aluguel que subiu por que é ajustada pelo IGP-M”, completou.

De acordo com o IBGE, quase metade da população com menores rendimentos recebeu, em média, 415 reais por mês em 2021, queda de 15,1% em relação a 2020 (489 reais). A leitura também é a menor da série histórica.

A pesquisa destacou ainda a desigualdade de renda no país. Após relativa estabilidade em 2019 (0,544) e queda em 2020 (0,524), o índice de Gini do rendimento médio mensal domiciliar por pessoa aumentou em 2021, voltando ao patamar de dois anos antes (0,544) –quanto maior o Gini, maior a desigualdade.

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