O Renault Kwid atropelou seus concorrentes em setembro. Em seu primeiro mês cheio de vendas, o subcompacto da Renault, que a montadora francesa chama (de forma um tanto exagerada) de “SUV compacto”, vendeu mais de 10.358 unidades e só perdeu para o Chevrolet Onix  (17.236) no ranking de licenciamentos de setembro. Os números são da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores).

Já no seu lançamento oficial para a mídia especializada, no Allianz Park, em 3 de agosto, a Renault deixava vazar que a pré-venda do Kwid tinha sido um sucesso absoluto. Não revelou os números, mas os boatos eram de que batera na casa dos 7 mil carros. Quando as vendas de agosto fecharam, houve uma certa decepção: apenas 2.889 veículos vendidos. Vai ver não eram 7 mil carros na pré-venda.

Mas veio setembro e as vendas foram confirmadas. Ou parte daquelas acrescida de outras. O fato é que o Kwid passou casa dos 10 mil carros vendidos (número que só o Onix e o Hyundai HB20 conseguiram nos últimos tempos). Porém, considerando o sigilo de certas informações por parte das montadoras, talvez ainda seja cedo para cravar que o Kwid é um novo campeão.

Isso tem um motivo. No lançamento de um carro, normalmente o público vai na onda. E a campanha do Kwid foi muito bem feita. Havia numa expectativa pela chegada do prazo. Nesse ponto, a Renault contou com grande colaboração da mídia, que passou dois meses divulgando um carro de R$ 29.990 que nenhum jornalista especializado dirigiu. Assim como fazem várias outras marcas, a Renault simplesmente não disponibilizou o Kwid de entrada para avaliação – somente as versões intermediárias (R$ 34.990) e topo de linha (R$ 39.990).

As primeiras críticas foram favoráveis, mas aqui e ali surgem alguns insatisfeitos com o que o Kwid verdadeiramente entrega. Muitos especialistas não concordam que o carro possa ser chamado de “SUV compacto” só porque tem o capô elevado, uma boa altura do solo e bons ângulos de entrada e de saída. Passado o impacto inicial do lançamento, alguns jornalistas também identificaram um desgaste rápido da embreagem e a necessidade de pisar forte no pedal para obter boas respostas de frenagem. Embora sejam questões técnicas, a verdade é que ninguém sabe como anda o Kwid de R$ 29.990, a não ser as pessoas que o compraram.

A tendência é de que o Kwid realmente faça valer seus pontos positivos e continue vendendo bem, pois dificilmente um carro sai na largada com tanta velocidade de vendas. Por enquanto, os 70 cavalinhos do motor 1.0 do atrevido Renault foram suficientes, pois seu peso é bem pequeno. Resta saber se o ritmo da largada será mantido ou se o Kwid é apenas um cavalo paraguaio.

MAIS NÚMEROS

O ranking da Fenabrave revela outros pontos interessantes. O primeiro deles é que realmente o mercado está se recuperando. Em comparação com o acumulado de janeiro a setembro do ano passado, as vendas de veículos leves cresceram 7,86%, com uma alta de 8,98% para os carros e de 1,59% para os comerciais. Apesar da persistente queda na venda de caminhões (-8,55%) e de ônibus (-2,50%), a indústria de veículos leves e pesados já avançou 7,36% no total.

Com as vendas do Kwid, a Renault ocupou em setembro a segunda posição no ranking de carros de passeio – uma conquista incrível para a marca francesa no mercado brasileiro. O efeito Kwid fez a Renault acumular 11,7% de participação de mercado, contra 11,3% da Volkswagen (terceira colocada) e 18,4% da Chevrolet (líder).

Além de perder para o Kwid, o HB20 foi ultrapassado também pelo Ka em setembro, ambos com vendas abaixo de 9 mil unidades. Como se vê, um novo momento começa na disputa pelo mercado de automóveis no Brasil.