O cloridrato de metilfenidato, mais conhecido como Ritalina, é um remédio para transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e depressão que costuma ser usado por estudantes para “aumentar o foco e a capacidade de estudo”. Agora, cientistas afirmam que esse medicamento pode ajudar a melhorar a cognição e diminuir a apatia de pessoas com doença de Alzheimer.

Segundo a revista americana New Scientist, a ideia de usar remédios como esse no tratamento do Alzheimer surgiu na década de 1980. Na época, autópsias de pessoas que morreram da doença neurodegenerativa revelaram deterioração em uma parte do tronco cerebral chamada locus coeruleus, que produz noradrenalina, neurotransmissor relacionado à atenção, aprendizado, memória e outras funções cognitivas.

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Desde então, os avanços nos diagnósticos por imagem permitiram aos pesquisadores medir a deterioração do locus coeruleus em pessoas vivas com Alzheimer e entender a relação com os sintomas.

Em estudo publicado na última terça (5/7), no periódico científico Journal of Neurology, Neurosurgery & Psychiatry, cientistas analisaram dados de 19 ensaios clínicos que incluíam 1.811 pacientes com doença de Alzheimer ou condição associada ao comprometimento cognitivo leve. Em seguida, focaram em 10 estudos (com 1.300 participantes) para avaliar o impacto dos remédios na capacidade cognitiva geral.

De acordo com a New Scientist, as drogas levaram a melhorias modestas em comparação com placebos: a diferença média padronizada (permite aos pesquisadores comparar resultados em diferentes tipos de estudos) foi de 0,14. Para se ter uma ideia, testes com inibidores de colinesterase (enzima que leva à redução de um neurotransmissor), que normalmente são prescritos para melhorar a cognição, têm um impacto maior, com diferença média padronizada de 0,38 em pessoas com Alzheimer.

Para a apatia, os cientistas analisaram oito ensaios com um total de 425 pessoas. Os estudos mediram as mudanças na motivação usando sistemas de pontuação comuns. Nesse caso, remédios como Ritalina geraram uma melhora significativa: a diferença média padronizada foi de 0,45. Não foram encontrados efeitos para outros sintomas, incluindo atenção ou agitação.

A apatia, ou perda de motivação, é um dos sintomas mais comuns e debilitantes em pessoas com Alzheimer. Atualmente, nenhum medicamento aprovado trata esse sintoma, revela a revista americana.

No entanto, mais pesquisas são necessárias para determinar quais classes de medicamentos podem ser mais eficazes. O estudo recém-divulgado incluiu dados de 12 remédios, cada um dos quais afeta o cérebro de forma diferente. Além disso, não está claro como agem nos diferentes estágios da doença.