O setor de medicamentos genéricos tornou-se cobiçado pela maioria das gigantes farmacêuticas e isso se deve aos números: só no ano passado, esse segmento movimentou R$ 8,7 bilhões e, até o fim de 2010, deverá faturar mais de R$ 10 bilhões. Mas, curiosamente, nem todas as empresas se impressionam com as cifras. É o caso da Biolab Farmacêutica, dona de um faturamento de R$ 540 milhões no ano passado, que vai na contramão do mercado. “Para atuar com genéricos e brigar com os grandes produtores é preciso ter um portfólio muito extenso”, diz Cleiton Marques, o CEO da Biolab à DINHEIRO.
 

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Marques, presidente: o executivo anunciou investimentos superiores a 
US$ 30 milhões para aumentar a área de pesquisa e contratar novos profissionais

“Apostamos em inovação, em produtos mais específicos com maior valor agregado.” E é com essa filosofia que a companhia quer dobrar de tamanho nos próximos quatro anos. Hoje, estão em curso 300 estudos de novos medicamentos. As soluções devem atender aos ramos de cardiologia, ginecologia, dermatologia, pediatria, ortopedia e reumatologia. Os dois últimos, inclusive, são segmentos em que a companhia começará a atuar a partir deste semestre. “Nos próximos dois anos devemos entrar também no ramo de gastroenterologia”, afirma Marques.

Para que os novos medicamentos possam chegar mais rápido ao mercado consumidor, a companhia anunciou investimentos superiores a US$ 30 milhões na construção de um centro de pesquisas e na contratação de mais pesquisadores. Serão 170 profissionais especializados, 50 a mais do que o número atual. 
 
As obras da nova área de pesquisas devem começar até o final deste ano em um terreno contíguo ao da fábrica da companhia em Taboão da Serra, em São Paulo. “Não é um local imenso, tem três mil metros de área construída. Mas os equipamentos serão sofisticados”, conta o executivo.

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Do total de estudos em curso, há 32 de inovação semirradical (quando a estrutura de uma molécula já existente é alterada), que devem estar concluídos até 2013, e dois radicais (aqueles em que os pesquisadores partem do zero). Um desses últimos, inclusive, é um analgésico mais potente que a morfina, que está sendo desenvolvido há mais de uma década. “Esse tem potencial para ser um blockbuster”, diz Marques, usando a expressão inglesa para definir um campeão de vendas. O medicamento aguardado pelo executivo está sendo criado a partir de veneno de cobra. “Embora os laboratórios nacionais invistam em pesquisas, ainda não têm fôlego financeiro suficiente para lançar um medicamento de sucesso global”, diz Lucas Copelli, sócio-diretor da Vallua Consultoria e Gestão. Em outras palavras, a maioria dos medicamentos desenvolvidos aqui faz sucesso apenas no mercado interno. Para evitar possíveis gargalos de produção, a companhia não deixou de lado a sua linha fabril. Há dois anos, a Biolab comprou uma fábrica da Pfizer, na cidade paulista de Jandira, e está ampliando suas instalações. A adequação elevará a capacidade produtiva total da companhia de cinco milhões para oito milhões de unidades de comprimidos por mês. “Estamos terminando de trocar as máquinas”, conta o executivo. A ampliação também é vital para outro negócio da empresa. Os medicamentos próprios representam 80% do faturamento da Biolab e o restante vem dos licenciamentos. “Essa é uma prática comum no setor”, diz Jorge Raimundo, presidente do conselho consultivo da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma). Como funciona? Os laboratórios estrangeiros que não possuem fábricas no País contratam as empresas nacionais para que elas produzam e vendam seus medicamentos de forma terceirizada. A Biolab espera fechar cerca de 50 contratos desse tipo nos próximos dois anos.