A Nissan apresentou nesta semana um relatório afirmando que o ex-CEO, Carlos Ghosn, criou um clima de “culto a personalidade” dentro da montadora e que era “divinizado como o salvador da Nissan”. O brasileiro foi preso em novembro passado acusado de fraudes financeiras e desvio de recursos da companhia. Ele foi solto no inicio deste mês, após pagar fiança de R$ 33 milhões, e nega as acusações.

O relatório de 34 páginas feito por uma auditoria externa afirma que Ghosn concentrou muito poder em seu cargo desde que assumiu a aliança entre a Nissan e Renault, há quase duas décadas. Em 2016, a Mitsubishi também foi integrada ao grupo. Segundo o texto, as suas decisões raramente eram contrariadas dentro da companhia.

O documento ainda diz que a falta de supervisão dos atos do brasileiro e do ex-diretor da Nissan, Greg Kelly – que também foi acusado de irregularidades financeiras -, contribuiu para as práticas criminosas.

O relatório foi apresentado pelo Comitê Especial da Nissan para Melhoria da Governança, órgão criado especialmente após a prisão dos dois executivos. O texto ainda faz uma série de sugestões para evitar novas irregularidades como, por exemplo, que cargos de alta importância da Nissan não sejam ocupados por executivos da Renault e da Mitsubishi.

Um porta-voz do brasileiro negou as acusações e questionou a imparcialidade do relatório. Assim como no período da sua prisão, o representante afirmou que o texto faz parte de uma campanha de difamação contra Ghosn e que todas as provas de sua inocência serão apresentadas durante o julgamento.