O relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da JBS, Carlos Marun (PMDB-MS), decidiu que irá retirar de seu parecer final os pedidos de indiciamento contra o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot e o seu ex-chefe de gabinete, o procurador Eduardo Pelella.

Para tentar aprovar o relatório, Marun decidiu transformar o pedido de indiciamento em uma recomendação para investigação. A mudança contou com atuação direta do líder do governo no Senado, senador Romero Jucá (PMDB-RR).

“Eu revi alguns pontos do relatório. Transformo os pedidos de indiciamentos dos senhores Eduardo Pelella e Rodrigo Janot em pedidos de investigação ao Ministério Público Federal. Tem gente que vai dizer que isso não vai dar em nada. Não penso assim. Foram fundamentais para a decisão que tomo as palavras da procuradora-geral da República Raquel Dodge”, afirmou Marun

Na última terça-feira, Raquel disse que irá analisar o relatório da CPMI da JBS. “Não me cabe fazer consideração sobre a intenção, o que posso lhes dizer é que quando receber documentos haverá análise adequada no momento oportuno”, afirmou a PGR.

Futuro ministro da Secretaria de Governo, Marun alterou o texto de seu parecer com o objetivo de conseguir aprovar o relatório. A retirada dos pedidos de indiciamento era uma demanda de parlamentares do PSB, PDT, Solidariedade e PSDB. O grupo é minoria no colegiado e não possui os votos suficientes para barrar o parecer.

Marun admitiu que o fato de se tornar ministro de Temer foi levado em conta na hora de alterar seu parecer. “Não posso desconhecer o fato de que amanhã (quinta) assumo como ministro de Estado da articulação. Sou daqueles que defendo a independência e harmonia entre Poderes como exigência do processo democrático. Não há como nós tentarmos avançar uma democracia se declarada está uma guerra entre Poderes”, ponderou.

O relator manteve em seu texto, no entanto, os pedidos de indiciamento contra o ex-procurador Marcello Miller, o executivo da J&F Ricardo Saud e os irmãos Joesley e Wesley Batista.