O executivo-delator da Odebrecht Alexandrino Alencar revelou à Procuradoria-Geral da República que o deputado federal Vicente Cândido (PT-SP) – codinome “Palmas” -, “anuiu” com caixa 2 de R$ 50 mil para campanha em 2010. Vicente Cândido é o relator da comissão especial da reforma política na Câmara.

“Isso foi em meados de 2010. Por agosto, setembro, ele (Cândido) me procurou e me solicitou, no meu escritório em São Paulo, a hora que a gente pudesse contribuir na campanha dele, fazendo doações. Eu evoluí isso internamente, dentro do contexto das doações com os outros pares meus, conversei com meu líder Benedicto Júnior (BJ). Optamos por ajudá-lo dentro da faixa do nosso padrão para deputados federais”, declarou.

“Como essa época nós ainda limitávamos, tínhamos um teto interno nosso para fornecer doações oficiais legais, optamos por dar essas doações via caixa 2. Ele concordou com essa doação. Nós demos para ele R$ 50 mil por caixa 2.” Alexandrino foi questionado se Vicente Cândido sabia do caixa 2. “Conheceu, anuiu”, disse.

O executivo declarou que “houve uma aproximação mútua por ele ser uma pessoa voltada ao futebol e pela Arena Corinthians, em função da Copa do Mundo em São Paulo”. Alexandrino disse que não houve pedido específico. “Não, nada. Foi no contexto político.”

O delator relatou que houve entrega de valores para Vicente Cândido, mas que não participou do repasse.

Ele detalhou à Procuradoria sobre a política de doações eleitorais do grupo Odebrecht. “Na minha atividade, o relacionamento político é fundamental, sempre focando o crescimento empresarial do grupo e com seus benefícios. Nessa função, meu público alvo eram partidos políticos, políticos e agentes públicos, sempre alinhado a uma sistemática de contribuições financeiras e eleitorais. Eu conheci por volta do ano 2008 o deputado Vicente Cândido em minhas peregrinações ao Congresso, mas sem criar um relacionamento mais próximo dele. Sempre em contato”, contou.

“Eu acho que em algumas reuniões com congressistas do PT fui apresentado a ele. Mas nada mais próximo. Em 2010, com o advento da Arena Corinthians, me aproximei dele. O sr Vicente Cândido sempre foi muito ligado a questões de futebol. Sei que ele é advogado, eu acho que ele tem uma proximidade, como advogado, ao presidente da CBF, Marco Del Nero. Fui me aproximando dele. Na construção do financiamento da Arena Corinthians, nós temos ali uma parte expressiva ligada à Prefeitura. Nós começamos a ver como poderíamos elaborar isso de uma maneira consequente.”