O ministro da Fazenda do Governo Temer, Henrique Meirelles, prestou depoimento na manhã desta sexta-feira, 10, como testemunha de defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Meirelles foi presidente do Banco Central do Governo Lula entre 2003 e 2011.

O ministro falou em audiência por vídeoconferência, desde Brasília, perante o juiz federal Sérgio Moro, de Curitiba, no processo em que Lula é réu por corrupção e lavagem de dinheiro. A denúncia do Ministério Público Federal sustenta que Lula recebeu R$ 3,7 milhões em benefício próprio – de um valor de R$ 87 milhões de corrupção – da empreiteira OAS, entre 2006 e 2012.

As acusações contra Lula são relativas ao suposto recebimento de vantagens ilícitas da OAS por meio de um triplex no Guarujá, no litoral de São Paulo, e ao armazenamento de bens do acervo presidencial, mantido pela Granero de 2011 a 2016.

O advogado Cristiano Zanin Martins, que defende Lula, quis saber de Meirelles, se ‘em algum momento identificou alguma prática indevida do ex-presidente, por exemplo, ele comandar um esquema de corrupção’.

“A minha relação com o presidente Lula era totalmente focada em assuntos relativos ao Banco Central e à política econômica e, nesta interação, eu nunca vi ou presenciei nada que pudesse ser identificado como algo ilícito ou ilegal.”

Durante a audiência, Moro vetou uma pergunta do defensor. “Pelos elementos que o sr. tem, o governo do presidente Lula foi um governo que trouxe benefícios ao País e não um governo que tenha buscado benefícios pessoais para os governantes e pessoas do alto escalão do governo?” O magistrado afirmou que Zanin estava perguntando a opinião do ministro.

“Ele (Meirelles) responde sobre fatos apenas”, disse Moro. “A impressão é que a defesa está fazendo propaganda política do governo anterior. Não é apropriado, aqui existe um objeto de acusação bem delimitado. Fica indeferida a pergunta.”
Cristiano Zanin negou. “Propaganda política não estou fazendo, excelência. Até porque eu sou advogado e não cabe a mim fazer nenhum tipo de consideração de natureza política. Eu só estou enfrentando a acusação difusa que o Ministério Público lançou nos autos.”

Em sua última pergunta, o defensor questionou Henrique Meirelles se ele ‘teve conhecimento de algum elemento concreto que pudesse indicar a presença de uma estrutura criminosa de poder durante o governo do presidente Lula que tivesse o presidente Lula como comandante dessa estrutura criminosa’.
“Eu não tive acesso a nenhum tipo de informação sobre isso, inclusive, porque não era o papel do Banco Central”, declarou o ministro da Fazenda.

No fim da audiência, Moro brincou com Meirelles.
“Sr. ministro, agradeço mais uma vez a disposição de Vossa Excelência para responder essas questões. Sei que o tempo de Vossa Excelência é muito valioso, mas o Juízo também não tem perguntas a Vossa Excelência. Teria perguntas sobre Economia, mas não é o momento apropriado, está fora do objeto do processo. Deixamos para uma outra oportunidade eventualmente.”