O ministro de Finanças britânico, Philip Hammond, avaliou que as propostas do Reino Unido para a questão aduaneira com a União Europeia (UE) após o Brexit – saída do país do bloco – são ambiciosas e trazem a possibilidade de as empresas britânicas continuarem seus negócios com a UE depois do divórcio, enquanto buscam outros mercados. “Nossas propostas são ambiciosas, e com razão. Elas estabelecem acordos que permitem que as empresas do Reino Unido continuem a negociar com os seus parceiros europeus no futuro, enquanto expandem os seus mercados para além da UE”, considerou em nota divulgada há pouco à imprensa pelo Ministério de Saída da União Europeia (Dexeu, na sigla em inglês).

No curto prazo, de acordo com Hammond, as propostas tranquilizarão as pessoas e as empresas que, no dia seguinte à saída da UE, ainda poderão continuar a trabalhar sem interrupções. A intenção, de acordo com ele, é fazer uma transição suave para o “futuro brilhante” do país fora da UE e entregar um Brexit que funcione para o Reino Unido.

O documento principal divulgado hoje pelo governo descreve a forma pela qual o país enxerga que terá maior vantagem econômica para o Reino Unido nesse processo de retirada do bloco comum. O texto conta com três objetivos principais: garantir que o comércio com a UE tenha o menor volume de atritos possível, evitar uma fronteira física entre a Irlanda e a Irlanda do Norte (que dividem a mesma ilha, mas com o primeiro país fazendo parte da UE e o segundo, do Reino Unido) e estabelecer uma política comercial internacional independente.

De acordo com o governo, este documento sobre as perspectivas que abordam a relação aduaneira futura entre as partes foi divulgado hoje e será o primeiro de uma série de trabalhos que o Reino Unido apresentará sobre a futura parceria com o bloco comum. O texto, conforme o Dexeu, traz um acordo aduaneiro “extremamente simplificado” entre as duas partes. A meta é continuar com os acordos existentes com a UE, reduzir ou eliminar barreiras ao comércio por meio de novos acertos e adotar soluções baseadas em tecnologia para facilitar a conformidade das empresas com os procedimentos aduaneiros.

O governo britânico deseja eliminar a necessidade de uma fronteira alfandegária entre o Reino Unido e a UE. O país também estaria disposto a seguir as normas aduaneiras do bloco para as importações feitas para o resto do mundo, quando o destino final for a União Europeia. O documento apresenta ainda detalhes sobre o período de transição. “O modelo proposto significaria uma estreita associação com a união aduaneira da UE por um período de tempo limitado e garantiria que as empresas do Reino Unido só precisam se ajustar uma vez para uma nova relação aduaneira. Isso minimizaria a interrupção dos negócios e ofereceria uma transição suave e ordenada”, argumentou o governo por meio do comunicado do Dexeu.

O ministro do Dexeu, David Davis, considerou na mesma nota que as sugestões apresentadas hoje beneficiarão os dois lados e evitarão um “precipício” para empresas e indivíduos do Reino Unido e da União Europeia. “A forma como abordamos a movimentação de mercadorias em nossa fronteira será um elemento-chave para a nossa política comercial independente”, considerou.

Davis comentou também que o Reino Unido é o maior parceiro comercial da UE e, por isso, é do interesse de ambos os lados chegar a um acordo sobre a relação futura entre as partes. “O Reino Unido começa a partir de uma posição forte e estamos confiantes de que podemos oferecer um resultado que é bom para as empresas aqui no Reino Unido e em toda a UE”, defendeu na nota.

A ministra de Comércio Internacional britânica, Liam Fox, também apresentou seus argumentos no comunicado. De acordo com ela, a saída da união aduaneira permitirá ao país operar uma política comercial totalmente independente no interesse nacional da Grã-Bretanha, que beneficiará as empresas e os consumidores do Reino Unido. “Procuraremos um novo acordo aduaneiro que garanta que o comércio entre o Reino Unido e a UE permaneça tão sem atrito quanto possível e nos permita forjar novas relações comerciais com nossos parceiros na Europa e em todo o mundo.”

À medida que o país deixar a UE, segundo a ministra, será estabelecida uma política comercial independente e o governo dará prioridade para garantir que as empresas e os consumidores do Reino Unido e da UE possam continuar a negociar livremente entre si como parte de um novo acordo de livre comércio.