O Reino Unido trabalhará que toda sua produção de energia seja renovável até meados da próxima década – anunciou o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, nesta segunda-feira (4).

“Considerando-se o que podemos fazer com outras fontes renováveis, com a captura e o armazenamento de CO2, com o hidrogênio, acreditamos potencialmente que podemos chegar a uma produção completa de energia limpa até 2035”, declarou Johnson à imprensa britânica.

O Reino Unido se prepara para receber líderes do mundo todo em uma cúpula climática crucial (COP26), em novembro, sob uma pressão sem precedentes para que descarbonizem suas economias e tracem um caminho para evitar um aquecimento global de consequências catastróficas.

O governo britânico já se comprometeu a proibir novos veículos poluentes até 2040, como parte de seus planos para descarbonizar o transporte. Nos últimos anos, o país se tornou um produtor líder de energia eólica offshore.

A promessa de Johnson coincide com o aumento dos preços do gás em todo mundo, levantando preocupações sobre uma disparada nas contas do consumidor neste inverno boreal (verão no Brasil).

Diante de uma crise de abastecimento por conta da pandemia da covid-19 e do Brexit, que atinge principalmente os combustíveis, o premiê também destacou o potencial da tecnologia verde para diminuir a dependência externa.

“Significará que, pela primeira vez, o Reino Unido não dependerá dos hidrocarbonetos procedentes do exterior, com todas as oscilações nos preços e com os riscos que isso representa para o bolso das pessoas”, afirmou.

“O consumidor vai depender da nossa própria geração de energia limpa, o que também nos ajudará a manter os custos baixos”, acrescentou.

Em uma entrevista ao jornal The Times no sábado (2), Johnson também afirmou que o Reino Unido “deve voltar para a energia nuclear” e substituir seus velhos reatores.

Doug Parr, responsável científico do Greenpeace no Reino Unido, aplaudiu os comentários de Boris Johnson sobre as energias renováveis, mas criticou o Executivo por seu “apego doentio” à energia nuclear.

A transição para novas tecnologias de armazenamento e para as energias renováveis será mais lenta, se o governo tentar “fortalecer a indústria nuclear”, enfatizou.