O primeiro-ministro Boris Johnson reúne seu gabinete em caráter de emergência, nesta segunda-feira (21), depois que vários países suspenderam as conexões com o Reino Unido, devido a uma mutação do novo coronavírus que agrava o caos a dez dias do Brexit.

Faixas nas rodovias do sul da Inglaterra alertam os viajantes e motoristas que transportam mercadorias sobre o fechamento da fronteira com a França, que anunciou no domingo à noite a suspensão das ligações terrestres, marítimas e aéreas com o país durante 48 horas.

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Europa tenta evitar nova cepa do vírus no Reino Unido

Muitos produtos importados pelos britânicos chegam ao país a partir da França.

Supermercados e autoridades garantiram que os estoques podem durar vários dias, mas existe o temor de uma corrida dos consumidores por mantimentos, vítimas do pânico, a quatro dias do Natal.

Embora não pareça mais letal que as anteriores, esta variante é até 70% mais contagiosa, afirmou no fim de semana o ministro da Saúde britânico, Matt Hancock, que admitiu uma propagação “fora de controle”.

Por este motivo, em uma contradição com todas as suas promessas, o governo de Boris Johnson voltou a determinar, no domingo, o confinamento dos nove milhões de londrinos e de outras sete milhões de pessoas no sul do país, onde as famílias não poderão se reunir para o Natal.

Em outras regiões do Reino Unido, os cinco dias previstos de flexibilização das restrições foram reduzidos apenas ao 25 de dezembro.

– Dez dias para o Brexit –

O porto britânico de Dover, o principal no Canal da Mancha, por onde passam diariamente quase 10.000 caminhões, interrompeu o tráfego de saída “até nova ordem”.

Ao destacar a necessidade de desbloquear a situação o mais rápido possível, o ministro dos Transportes, Grant Shapps, afirmou que está em contato direto com o colega francês, Jean-Baptiste Djebbari.

“Os franceses nos disseram que desejam a retomada do tráfego de caminhões o mais rápido possível”, afirmou ao canal Sky News, em uma tentativa de tranquilizar a opinião pública diante de uma situação que agrava o caos já provocado pela iminência do Brexit, até o momento sem acordo.

O Reino Unido, que abandonou oficialmente a União Europeia em 31 de janeiro, cortará definitivamente os laços com bloco no fim do mês.

Apesar do pouco tempo restante, britânicos e europeus continuam negociando um acordo comercial, com o objetivo de suavizar as consequências da ruptura a partir de 1o de janeiro.

Diante da falta de resultados, as empresas no Reino Unido começaram, há algumas semanas, a estocar produtos e peças industriais, o que já havia provocado um grande congestionamento em portos e estradas.

Shapps afirmou nesta segunda-feira que o antigo aeroporto de Manston, perto de Dover, está preparado para receber até 4.000 caminhões para aliviar o congestionamento nas rodovias.

O Reino Unido, um dos países mais afetados da Europa pela covid-19, com mais de 67.000 mortes confirmadas e o recorde de quase 36.000 novos casos no domingo, informou a Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre a descoberta da nova mutação e seu maior índice de contágio.

Hancock admitiu no domingo que, neste contexto, será “difícil” conter a pandemia, até que a campanha de vacinação alcance grande parte da população.

O Reino Unido foi o primeiro país do mundo a aprovar a vacina Pfizer/BioNTech e o primeiro país ocidental a iniciar a vacinação, em 8 de dezembro.

Até o momento quase 400.000 pessoas – idosos, cuidadores e profissionais da saúde – receberam a primeira das duas doses necessárias.

Para acelerar a campanha, o país precisa receber novas doses dos laboratórios de produção da Pfizer/BioNTech na Bélgica, um dos muitos países que decidiram, no domingo, fechar as fronteiras ao Reino Unido.

Sem dar detalhes, Shapps afirmou nesta segunda-feira, porém, que a entrega da vacina não será afetada pela interrupção dos transportes.