Por Kate Holton e Alistair Smout

LONDRES (Reuters) – O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, disse nesta sexta-feira que o Reino Unido vai acelerar seu programa de vacinação contra Covid-19, para tentar conter uma variante de rápida disseminação identificada pela primeira vez na Índia, que pode alterar o rumo da reabertura da economia.

O Reino Unido realiza uma das campanhas de inoculação mais rápidas do mundo, já tendo dado uma primeira dose a quase 70% de sua população adulta e uma segunda a 36%, o que ajuda a reduzir as taxas de infecções e mortes.

Mas o surgimento da variante B.1.617.2 no norte da Inglaterra e em Londres ameaça uma reativação plena programada para junho e força uma reavaliação de maneiras de se acelerar a campanha de vacinação.

“Acredito que devemos confiar em nossas vacinas para proteger a população enquanto monitoramos a situação de perto, porque a corrida entre nosso programa de vacinação e o vírus pode estar prestes a se tornar muito mais acirrada”, disse Johnson em entrevista coletiva.

Ele afirmou que o governo vai acelerar as segundas doses para pessoas com mais de 50 anos e aquelas clinicamente vulneráveis para oito semanas após a primeira dose, e priorizará as primeiras doses para os elegíveis que ainda não se apresentaram.

Mesmo assim, a disseminação da variante pode interromper o processo de saída do lockdown no Reino Unido, tornando mais difícil passar para o estágio final de uma reabertura escalonada da economia em junho, disse ele.

A próxima fase do relaxamento das restrições, na qual as pessoas terão a permissão formal para voltar a se abraçar, reunir-se em grupos pequenos em ambientes fechados e viajar ao exterior, começa na segunda-feira.

Embora agora as vacinas estejam disponíveis nacionalmente a qualquer pessoa de mais de 38 anos, o ministro das vacinas, Nadhim Zahawi, disse que em áreas nas quais a variante indiana preocupante foi encontrada poderiam ser oferecidas a pessoas mais jovens de lares multigeracionais.

Aqueles inoculados com a vacina da Pfizer também poderiam receber a segunda dose mais rapidamente para aumentar a proteção, e um aumento de exames será usado para que todos os moradores de uma certa área sejam instruídos a fazer um exame de PCR para ajudar a avaliar a abrangência do problema.

“Flexibilizaremos a distribuição da vacinação onde for possível para lidar com esta nova variante”, disse Zahawi à Rádio Times. “Ela é claramente mais infecciosa, porque as infecções foram de 520 a 1.313 em uma semana.”

Uma semana atrás, a Saúde Pública da Inglaterra classificou a mutação como uma “variante preocupante”, citando indícios de que ela se dissemina mais rapidamente do que a versão original do vírus e pode se propagar ao menos tão rapidamente quanto a chamada variante “Kent”, que impulsionou a segunda onda inglesa de infecções.

O Reino Unido colocou a Índia em uma “lista vermelha” de viagens em abril, o que significa que todos os recém-chegados do país sul-asiático –que atravessa a pior onda de Covid-19 do mundo– têm que ficar em quarentena em um hotel aprovado pelo governo durante 10 dias.

À época, reportagens sugeriram que, como a exigência de quarentena foi anunciada com quatro dias de antecedência, muitas pessoas tentaram voar antecipadamente entre os dois países, que têm laços culturais fortes.

(Reportagem adicional de Sarah Young)

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