A proposta de emenda à Constituição do Senado que acabou com a possibilidade de coligações proporcionais tornou menos atraente a formação de alianças nas campanhas majoritárias e antecipou a corrida dos partidos em busca de nomes para disputar o Executivo.

A mudança na legislação já tem reflexo direto nas eleições municipais de 2020 em São Paulo, as primeiras sob a nova regra. Até partidos com pouca ou nenhuma tradição em disputar o Edifício Matarazzo tentarão a sorte nas urnas.

É o caso, por exemplo, do PCdoB. Após se coligar com o PT em todas as eleições desde a redemocratização, a legenda comunista vai lançar pela primeira vez um candidato. Dois nomes estão na disputa: o deputado federal Orlando Silva e a ex-vice-prefeita Nádia Campeão.

Em São Paulo, pelo menos nove partidos já têm pré-candidatos. Como comparação, na mesma época em 2015, as articulações internas estavam mais atrasadas e apenas quatro nomes estavam na disputa: Celso Russomanno (PRB), o então prefeito Fernando Haddad (PT), Andrea Matarazzo (PSDB) e Marta Suplicy (MDB).

Liderado pelo ex-ministro Gilberto Kassab, o PSD já bateu o martelo e vai lançar o ex-vereador Andrea Matarazzo. O PSB vai apostar no ex-governador Márcio França e o PRB planeja novamente investir em Celso Russomanno. O MDB cogita convocar o ex-ministro Henrique Meirelles, enquanto o PSDB vai jogar suas fichas na reeleição de Bruno Covas. O PT está dividido entre Ana Estela Haddad, Eduardo Suplicy e Aloizio Mercadante e o PDT quer lançar Tabata Amaral. O PSL, que já fala em prévias, cogita Joice Hasselmann, José Luiz Datena e Janaina Paschoal.

Segundos analistas e dirigentes partidários ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo, com o novo modelo, as legendas sem candidatos fortes para o Executivo municipal não poderão mais pegar “carona” nos votos da coligação para vereador. Até 2018, os deputados federais, estaduais e vereadores eram eleitos no modelo proporcional. A distribuição das vagas era, portanto, feita por um cálculo com base nos votos da coligação.

Dessa forma, puxadores de voto como o palhaço Tiririca (PR) ajudavam a eleger políticos de menor expressão de outros partidos coligados.

As legendas com nomes competitivos, por sua vez, aceitavam o acordo em troca do tempo de televisão e muitas vezes perdiam vagas no Parlamento.

“Acredito que em 2020 vai haver o maior número de candidatos a vereador da história. Deve aumentar muito também o número de candidaturas majoritárias. A partir do ano que vem, cada partido vai contar apenas com seus próprios recursos. É muito melhor lançar um candidato, porque isso repercute no proporcional”, disse o advogado Anderson Pomini, especialista em direito eleitoral e ex-secretário de Justiça da capital.

Para o sociólogo Rodrigo Prando, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, mesmo partidos pequenos vão lançar candidatos. “A candidatura a prefeito vai tentar cacifar e dar apoio aos candidatos a vereador. Será uma eleição muito pulverizada”, afirmou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.