A procuradora do Ministério Público Federal (MPF), Marisa Ferrari, destacou que o ex-secretário da Casa Civil Regis Fichtner tinha um amplo poder na hierarquia da organização criminosa liderada pelo ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) e exercia sua influência até hoje.

Considerado um dos homens da cúpula do ex-governador, a procuradoria apontou que Fichtner, preso nesta quinta-feira, 23, teria recebido R$ 1,56 milhão em vantagens indevidas e usado seu cargo como chefe da Casa Civil para favorecer empresas específicas de outros integrantes da organização.

“Fichtner tinha uma posição muito relevante dentro do governo de Sérgio Cabral. Nos chamou atenção nas investigações o fato de que a empresa Líder Taxi Aéreo (que tem como assessoria o escritório de advocacia de Fichtner) tinha muitas isenções fiscais dadas pelo governo. Um dos fundamentos também para a instrução do processo é que foi detectado que ele poderia estar tentando se livrar da aplicação da lei penal, ao apagar um e-mail que era utilizado para a comunicação com outros membros da organização. O cargo exercido por ele como assessor da Procuradoria Geral do Estado demonstra a grande influência dele até hoje”, disse a procuradora, durante coletiva de imprensa na Polícia Federal, na Zona Portuária do Rio.

Suplente de Sérgio Cabral no Senado de 2002 a 2007, Fichtner assumiu este cargo de 2006 a 2007. No mesmo ano, ele assumiu a secretaria da Casa Civil de Cabral, onde ficou até 2014. Cabral está preso desde novembro de 2016.

‘Farra dos Guardanapos’

Os procuradores voltaram a reforçar que a situação que o Rio vive atualmente, de crise financeira, também é por conta da organização liderada por Cabral. Na Operação C’est Fini, agora deflagrada, o MPF constatou que chegou a todos envolvidos da festa conhecida como ‘Farra dos Guardanapos’. No episódio, secretários de Cabral e empresários que tinham altos contratos com o poder púbico se reuniram em Paris para uma confraternização de luxo.