O economista Marcos Lisboa, presidente do Insper, afirmou nesta quinta-feira, 27, que o governo está de “mãos amarradas”, pois não há alternativa ao ajuste fiscal que não as mudanças na Previdência. Neste contexto, a reforma é “essencial e urgente” e, na situação atual, “está mais que atrasada”, avaliou o economista, que participou do Congresso de Finanças Estruturais da Uqbar.

Para ele, se as medidas forem aprovadas, haverá aumento da confiança dos agentes econômicos e queda dos prêmios de risco, o que ajudaria a estimular a atividade econômica. “Só que a economia não vai crescer 3% de forma sustentável”, disse ele, defendendo medidas adicionais.

Lisboa começou sua apresentação ressaltando que o Brasil ficou para trás em relação a outros emergentes nas últimas décadas, que tiveram expansão da renda muito maior que a economia brasileira. “Uma das razões para o baixo crescimento é fiscal”, disse ele no evento.

Além do lado fiscal, ele ressaltou que é preciso atacar outras questões, como a infraestrutura e a questão regulatória, para dar segurança jurídica aos investidores.

“Parte importante do crescimento de um país vem por ter instituições eficientes. Países onde o sistema judicial é mais eficiente, respeita contratos”, disse o economista. “É preciso acabar com a arbitrariedade regulatória.”

As receitas correntes que o governo tem não pagam as despesas obrigatórias, determinadas por lei, como salários de servidores, abonos, depósitos judiciais e aposentadorias, destacou o economista, defendendo que não se pode fazer um ajuste fiscal mais brando. “O governo está de mãos amarradas.”

O problema não é o quanto o governo gasta, mas a taxa de crescimento dos gastos, disse Lisboa, destacando que a expansão tem sido muito acelerada, em parte importante por conta das despesas da Previdência. “Mesmo com uma ótima reforma da previdência não há economia, ela só reduz a velocidade do gasto.” O R$ 1 trilhão de impacto fiscal, como na proposta apresentada pelo governo ao Congresso, disse Lisboa, é a “diferença do desastre que seria sem a reforma” e com as medidas.