Os hondurenhos vão às urnas neste domingo (26) para escolher suas autoridades para os próximos quatro anos, em um processo marcado pela candidatura à reeleição do presidente Juan Orlando Hernández e pelos temores da oposição de fraudes.

Mais de seis milhões de pessoas são convocadas para escolher o próximo presidente entre nove candidatos, dos quais três têm possibilidades de vencer.

Juntamente com Hernández, no poder desde 2014, disputam a presidência o acadêmico Luis Zelaya do Partido Liberal (PL, direita) e o jornalista Salvador Nasralla, da Aliança de Oposição contra a Ditadura, de esquerda.

As 17.500 assembleias de voto distribuídas em todo o país abrem às 13h00 GMT (11h00 de Brasília), de acordo com o estipulado pelo Tribunal Supremo Eleitoral (TSE).

O governo mobilizou mais de 35 mil policiais e militares em todo o país para garantir a segurança do processo, de acordo com o ministro da Segurança, Julián Pacheco.

“A Polícia Nacional e as Forças Armadas de Honduras são responsáveis ​​por proteger este processo, que deve ser um dos mais agitados da história do país”, declarou Pacheco.

O juiz do TSE Marco Ramiro Lobo afirmou à AFP que os primeiros resultados serão divulgados às 19h30 locais (23h30 de Brasília).

A Constituição de Honduras proíbe a reeleição presidencial, mas Hernandez conseguiu registrar sua candidatura por um segundo mandato consecutivo graças a uma interpretação da Câmara Constitucional, que aprovou um recurso interposto por deputados próximos ao presidente contra a proibição.

– Processo questionado –

Sua postulação levantou questionamentos sobre a legitimidade do processo e suscitou medos entre os opositores Nasralla e Zelaya, que disseram que não reconheceriam a vitória do presidente Hernández, apresentado pelo Partido Nacional (PN, direita).

Nasralla pediu aos seus partidários que se mantenham vigilantes contra possíveis irregularidades nas assembleias de voto.

As eleições deste domingo serão supervisionadas por 16 mil observadores, dos quais 600 estrangeiros, da União Europeia, da OEA e de outras entidades, de acordo com o TSE.

Para o analista Víctor Meza, pesquisador do Centro de Documentação de Honduras, há um “clima de tensão” no país em relação “reeleição, que é a forma semi-legal da continuidade autoritária do presidente” Hernández.

Meza advertiu sobre uma situação potencialmente explosiva devido ao fato de que os três candidatos dizem que estão certos da vitória e que não aceitarão a derrota.

Honduras é um aliado estratégico para os Estados Unidos, que tem em seu território a base aérea de Palmerola, a única base militar americana na América Central.

Além disso, é um país-chave para Washington por causa do grande fluxo migratório para os Estados Unidos e seu papel na luta contra o narcotráfico.

Tudo isso explica por que o governo dos Estados Unidos evitou questionar as aspirações de Hernández, de acordo com o analista Jake Johnston, do Centro de Pesquisas Econômicas e Políticas.

“Não é nenhuma surpresa que, longe de condenar a ação ilegal de Hernández para tentar prolongar seu mandato, o chefe de gabinete da Casa Branca, John Kelly, referiu-se a Hernández como um ‘grande cara’ e um ‘bom amigo'”, comentou o americano Johnston à AFP.

Nesse sentido, Meza assegurou que os “Estados Unidos veem o governo hondurenho como um aliado estratégico em termos de segurança, mas como um aliado desconfortável em matéria de corrupção”.