Em seu primeiro dia de aula em uma escola bilíngue, uma das filhas do executivo Ricardo Mussa, CEO da Raízen, foi convidada a contar o que os pais faziam. Para simplificar a história, ela disse apenas “Meu pai trabalha na Shell”. Imediatamente, uma coleguinha retrucou: “A Shell polui”. Ao contar o drama para o pai, ela ouviu uma detalhada explicação sobre como a Raízen, investida da Shell e da Cosan, produz energia limpa e renovável. Mussa ainda convenceu a direção da escola a fazer uma apresentação sobre os princípios e valores da empresa. Terminada a fala, a empresa havia ganhado uma legião de fãs mirins ­— e a filha do presidente, cheia de orgulho, foi aplaudida ao lado do pai. “Hoje se fala muito na importância do carro elétrico para reduzir as emissões de CO2. O que a Tesla fez em 12 anos de vida em termos de carbono evitado, a Raízen faz em quatro meses”, afirmou Mussa à DINHEIRO.

O episódio costuma ser citado por Mussa para ilustrar como ele tem se empenhado para disseminar uma crença que define a Raízen, uma referência global em bioenergia e com amplo portfólio de produtos renováveis. “Somos protagonistas na transição energética e estamos redefinindo o futuro da energia”, afirmou o executivo à frente do grupo de 40 mil colaboradores que levou a empresa a ocupar a quarta posição entre as maiores do Brasil, com faturamento de R$ 114,6 bilhões. Segunda maior distribuidora de combustíveis do País, com 7,3 mil postos da marca Shell e 29 bilhões de litros comercializados, está presente de ponta a ponta na cadeia, desde a produção até a venda de energia renovável e açúcar, com foco na economia de baixo carbono. Criada em 2011, ela ficou primeiro lugar entre AS MELHORES DA DINHEIRO 2022 em seu setor. E já é a quarta maior do País.

Ricardo Mussa. Empresa: Raízen. Cargo: Presidente. Destaques da gestão: Abertura de capital, aquisição da segunda maior empresa do setor do País, criação de novos negócios e geração de valor adicional pelo prêmio pago a produtos certificados. (Crédito:Divulgação)

Para o economista e coordenador do curso de economia da IBS Américas, professor Flávio Saraiva, a Raízen tem como diferenciais ser “flexível na sua gestão e atuação e ao mesmo tempo rígida em seus compromissos éticos e ESG”. Na visão do CEO Ricardo Mussa, algumas das conquistas recentes se devem ao que ele chama de “movimentos audaciosos”. Foi o caso da compra, em agosto de 2021, da Biosev, a segunda maior empresa do setor sucroenergético. A integração, concluída em abril deste ano, incorporou cerca de 10 mil funcionários à estrutura da Raízen, além de gerar sinergias importantes para fortalecer seu modelo de negócio. Houve ainda a aquisição de uma distribuidora de combustíveis no Paraguai e de uma divisão de lubrificantes da Shell no Brasil. “Também no ano passado fizemos o IPO, que trouxe mais robustez ao nosso balanço”, afirmou o CEO.

A maior vantagem competitiva da empresa, contudo, está na forma de atuar. Mussa cita como exemplo a certificação Bonscucro. “Nos últimos dois anos, o valor adicional pago à empresa pelos produtos com esse certificado foi multiplicado por 39. Ou seja, o ESG é bom negócio”, disse.

O etanol de segunda geração, fruto de uma tecnologia da Raízen, é o melhor exemplo de como a empresa inova. Ele aproveita o caldo e o bagaço da cana, aumentando em 50% a produção sem precisar de um hectare a mais. E a sua aplicação como combustível para células de hidrogênio em motores elétricos já abastece uma frota de ônibus da Universidade de São Paulo. Para Mussa, esse é o futuro: o motor elétrico que usa etanol, presente em uma rede de postos em todo o País, sem necessidade de investimento em estações de recarga. É assim que a Raízen faz o combustível do presente e do futuro.