As ações das empresas de saúde Rede D’Or e SulAmérica dispararam no fim do pregão da quarta-feira (23) devido à notícia, depois confirmada oficialmente, de associação entre as duas companhias. Na prática, a Rede D’Or, empresa de R$ 100 bilhões de valor de mercado, vai adquirir a centenária SulAmérica, cuja capitalização de mercado é muito menor, mas cujo faturamento está em linha com a compradora (observe o quadro).


O negócio não envolverá pagamentos em dinheiro, apenas troca de ações. A Rede D’Or vai entregar 307,7 milhões de ações para os acionistas da SulAmérica. Seu presidente, Patrick de Larragoiti Lucas, descendente dos fundadores, terá um assento no conselho da empresa combinada. Para evitar mudanças de ideia na última hora, ambas fecharam um acordo de exclusividade e compromisso. Uma eventual desistência vai custar caro: R$ 5 bilhões para quem mudar de ideia.

A operação ainda terá de ser aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), mas não se esperam dificuldades nessa área. A operação entre a NotreDame Intermédica e a Hapvida foi aprovada sem problemas, e SulAmérica e Rede D’Or operam em segmentos diferentes. Assim, sua união não deverá elevar a concentração direta no setor de saúde.

Enquanto isso não ocorrer, as operações seguirão separadas. Ainda há pontos a acertar, segundo os analistas. A SulAmérica deve manter convênios com hospitais além dos da Rede D’Or. Esta, por sua vez, tem 20% da sua receita atrelada à SulAmérica e não poderá prescindir das demais operadoras em seus estabelecimentos.

ENXUGAMENTO A negociação foi rápida: os papéis foram assinados em pouco mais de uma semana. Quem conhece o caso avalia que um negócio desse tipo era uma questão de tempo. Há cerca de dois anos a SulAmérica montou, discretamente, um comitê interno para avaliar mudanças estratégicas. As primeiras decisões foram as de enxugar as operações. Em agosto de 2019, a seguradora vendeu sua carteira de automóveis para a alemã Allianz por R$ 3,2 bilhões. A intenção era concentrar-se no seguro saúde e vida, e na gestão de recursos. Além de menos intensivas em capital, essas atividades apresentam uma sinistralidade mais controlável do que o complicado mercado automotivo.