A província britânica da Irlanda do Norte vê sua rede de abastecimento se aproximar do “colapso”, devido aos novos controles pós-Brexit que estão reduzindo o fluxo de carga, alertou uma associação de caminhões nesta segunda-feira(11).

Os supermercados “têm enfrentado dificuldades consideráveis” para encher suas prateleiras desde 1º de janeiro, quando terminou o período de transição e novos controles alfandegários foram impostos, disse à AFP John Martin, chefe da Associação de Transporte Rodoviário da Irlanda do Norte(RHA).

“Algumas empresas decidiram parar de fornecer à Irlanda do Norte devido a incertezas ou atrasos”, explicou.

Os volumes de carga, também impactados por restrições ligadas à pandemia, representam “entre 30 e 40% do volume normal” e o sistema “está literalmente a dias do colapso”, alertou.

A rede de supermercados Sainsbury’s informou na semana passada que “um pequeno número de produtos” estava “temporariamente indisponível” na Irlanda do Norte, “aguardando a confirmação dos procedimentos de fronteira”.

Os efeitos do Brexit começaram a ser percebidos a partir de 1º de janeiro, quando o Reino Unido abandonou por completo o mercado comum e a união aduaneira europeia.

Graças a um acordo especial, a Irlanda do Norte continua a operar dentro da união aduaneira e do mercado único para evitar o ressurgimento de uma fronteira dura com a vizinha República da Irlanda, um membro da UE.

No entanto, segundo Martin, as empresas preferem não exportar para a Irlanda do Norte e os despachantes aduaneiros enfrentam um novo programa desenhado pelo governo britânico para gerenciar documentos de importação que atingiu “sua capacidade máxima”.

Entre sexta e terça-feira, a companhia de ferries Stena Line cancelou quatro travessias entre Dublin e País de Gales, destacando que “problemas na rede de abastecimento levaram a uma queda significativa nos volumes de carga.”

Na semana passada, a Irish Revenue Agency observou que muitos importadores “subestimaram significativamente os preparativos para o Brexit.”