Por décadas, o segmento de bebidas energéticas passou despercebido a gigantes como Coca-Cola, Pepsi e Anheuser-Busch (fabricante da cerveja Budweiser). Sem concorrentes capazes de lhe ofuscar o brilho, o empresário austríaco Dietrich Mateschitz, criador do Red Bull, aproveitou para expandir os negócios da marca por 40 países. Em 2000, cerca de um bilhão de latinhas foram vendidas no mundo. Só nos Estados Unidos, o ?Touro Vermelho? rendeu, no ano passado, US$ 98 milhões, fatia de 70% das vendas da categoria. Esse sucesso se repete em outros países, mas Mateschitz prefere não revelar os ganhos globais obtidos do Red Bull. A discrição pode ser explicada. Os bons resultados do produto despertaram o interesse dos grandes nomes do setor de bebidas. Em janeiro, a Pepsi abriu o avanço sobre esse mercado ao pagar US$ 370 milhões pela Beach Beverage Company, fabricante do Adrenaline Rush. A ofensiva da Coca-Cola e da Anheuser-Busch veio em seguida, com o lançamento de marcas próprias: respectivamente, o 180 e o KMX. As perspectivas das empresas no segmento são tímidas frente aos US$ 80 bilhões gerados por ano com a venda de bebidas nos Estados Unidos. Mas estimativas mostram que o consumo anual de energéticos chegará a meio bilhão de dólares até o final de 2006, mais que o triplo do volume de vendas nos Estados Unidos.

A expansão dos energéticos é vigorosa no Brasil. ?Vendemos 15 milhões de latinhas em 2000 e nossa meta é dobrar essa marca em 2001?, conta Afonso Lau, porta-voz da subsidiária local da Red Bull. Para viabilizar esse salto, até o final do ano, serão investidos R$ 30 milhões em marketing. Presente no mercado brasileiro desde meados de 1999, o Red Bull responde por 58,1% do consumo local, seguido de longe pelo Flash Power (com 10,2%), e outras três ? a Fly Horse, a Atomic e a Blue Energy. Para 2001, o ?Touro Vermelho? quer ter aqui 70%.

O Red Bull é uma dessas histórias de sucesso empresarial que nascem por obra do acaso. Mateschitz descobriu o mundo dos energéticos em suas peregrinações pelo Sudeste asiático. A fórmula foi inspirada no Krating Daeng, uma bebida muito consumida na Tailândia que tinha entre seus adeptos executivos europeus estressados após longas jornadas em avião. Apesar de trilhar uma carreira bem-sucedida em empresas como Unilever e Blendax (de higiene pessoal), aos 37 anos decidiu jogar tudo para o alto e aventurar-se como empresário. Nascido na província de Steiermak ? berço do ator grandalhão Arnold Schwarzenegger ? conseguiu se transformar, em 14 anos, no homem mais rico da Áustria, com patrimônio avaliado em US$ 10,9 bilhões. Agora, para dar conta dessa nova safra de concorrentes, o empresário, certamente, precisará mostrar que seus ?músculos? são tão potentes quanto os de seu conterrâneo Schwarzenegger.