Os bons ventos seguem soprando sobre o mercado de capitais brasileiro. O Ibovespa, principal indicador acionário, encerrou o último pregão de maio a 126.215 pontos. Com isso, a valorização mensal foi de 6,16%, no terceiro mês consecutivo de alta. Das 84 ações que compõem o índice, 64 avançaram e só 20 perderam valor no mês passado. A trajetória ascendente das cotações vem sendo estimulada pelo retorno dos investidores internacionais. Apenas no dia 27 de maio, a B3 registrou o ingresso de R$ 1,8 bilhão no mercado secundário, de compra de ações já existentes. Esse aporte foi o segundo maior no mês, elevando para R$ 30 bilhões o superávit de recursos internacionais acumulado em 2021. Cinco dos dez papéis mais valorizados foram beneficiados pela retomada da economia. A euforia continuou em t. Na terça-feira (1), primeiro pregão do mês, o Ibovespa subiu 1,63% batendo a casa dos 128.267 pontos. O que mais pesa são as expectativas de avanço na vacinação e a retomada das atividades, como ocorreu no mês passado. Essas expectativas já alteraram as previsões econômicas no mercado, que agora espera um crescimento de 3,96% no ano.

QUEM VEM LÁ
R$ 24 bilhões em IPOs

Enquanto no começo do ano os destaques da bolsa ficaram por conta das novatas, as próximas ofertas públicas iniciais de ações (IPOs, na sigla em inglês) na bolsa brasileira devem ser maiores e de empresas mais tradicionais, movimentando R$ 24 bilhões. Na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) já estão em análise as ofertas de CSN Cimentos (R$ 2 bilhões), Companhia Brasileira de Alumínio (R$ 2 bilhões) e Intercement (R$ 5 bilhões). Há expectativa de que nesta semana sejam iniciadas as operações da empresa do setor de energia Raízen (R$ 10 bilhões) e da rede especializada em tratamento para o câncer Oncoclínicas (R$ 5 bilhões). Em todos esses casos, a expectativa de que as ofertas tenham maior participação de estrangeiros.

INFRAESTRUTURA
Itaúsa investe na Aegea

Claudio Gatti

A Itaúsa avançou em seu processo de diversificação e investirá R$ 1,2 bilhão na companhia de saneamento Aegea. Em um leilão em 30 de abril, a Aegea arrematou duas das quatro áreas da Cedae, empresa de saneamento da cidade do Rio de Janeiro.

Na mesma semana, a holding presidida por Alfredo Setubal aprovou sua separação da XP, de quem ainda possui 40,52% do capital. Pelo acordo, as ações pertencentes ao Itaú serão incorporadas pela XP Part, e os atuais acionistas do banco receberão papéis da empresa proporcionalmente às suas participações.

PETROQUÍMICA
Ultrapar perto de vender a Oxiteno

A ações da holding Ultrapar subiram com a possibilidade de o grupo concluir a venda da subsidiária Oxiteno, disputada pelo fundo de private equity Advent e as concorrentes Stepan, dos Estados Unidos, e Indorama, da Tailândia. A transação injetará US$ 1,5 bilhão no caixa da Ultrapar e lhe permitirá concentrar-se em óleo e gás. Em meados de maio, a holding vendeu a rede de farmácias Extrafarma por R$ 700 milhões para o grupo Pague Menos.

DESTAQUE NO PREGÃO
GPA no Mercado Livre

Daniel Teixeira

O Grupo Pão de Açúcar (GPA) prosseguiu em sua estratégia de aumentar as vendas por canais digitais iniciando uma parceria com o Mercado Livre, cuja plataforma possui 70 milhões de usuários. Em troca de uma parcela do valor das vendas no marketplace, o GPA vai aliar seus sistemas de gestão à estrutura logística do Mercado Livre para distribuir 2 mil produtos alimentares e de higiene para 1,8 mil cidades. No primeiro trimestre, os canais digitais responderam por 5,4% das vendas totais do GPA, sendo que na bandeira Pão de Açúcar a proporção é de 15%. Não foi a única notícia digital. O Casino, controlador do GPA, anunciou uma oferta de ações da empresa CNova, que pode movimentar 300 milhões de euros e permitir uma saída ao GPA, que tem 33,98% das ações.