Raras são as empresas que conseguiram ganhar algum dinheiro com a internet. Quem ainda está em operação tenta manter o fôlego financeiro e ainda não justificou os investimentos feitos até hoje. Agora, quando a internet parece finalmente ter chegado ao telefone celular com telas coloridas e vídeos, a maior operadora móvel do Brasil insiste que há um modelo de negócio rentável nesse campo e inseriu a exibição de filmes e jogos no centro de sua estratégia de marketing. ?Os novos recursos começam a se destacar como uma fonte de receitas interes-
sante?, diz André Mafra, responsável de conteúdo de dados na Vivo.

Todos os meses, um contingente de 1,2 milhão de clientes da operadora usa seus celulares para gravar vídeos, jogos e campainhas musicais na memória de seus aparelhos. Em oposição aos primeiros anos da rede, nada é de graça. Resumos de novela, resultados de futebol, fotos de revistas e trailers de filmes custam de R$ 2,40 a
R$ 9,90 ao mês. A empresa espera que no final do ano 300 mil usuários estejam usando o celular para ver vídeos. É um número
bem acima dos atuais 80 mil. O impacto nas receitas promete ser rápido. De acordo com o instituto de pesquisas Yankee Group, a transmissão de dados (mensagens, jogos, acesso à internet e downloads) representa hoje 4,2% do faturamento das operadoras e pode chegar a 11,1% em dois anos. ?Os downloads serão muito representativos economicamente e grandes oportunidades de negócios vão surgir?, diz Luís Minoru, analista do instituto de pesquisas Yankee Group, com sede em São Paulo.

 

Decepção. Os downloads são um passo à frente do WAP, tecnologia que prometia a internet no celular. Em 2000, a então Telesp Celular propagandeou essa tecnologia com o objetivo de vender mais aparelhos e arrebanhar mais usuários. Com poucos botões e telas pequenas, o resultado foi decepcionante. Além disso, o serviço era cobrado por tempo, o que causava no usuário a sensação de estar pagando pela lentidão da rede. ?Foi um erro estratégico acreditar que a rede estaria no WAP?, diz Roberto Guenzburger, diretor de marketing da concorrente Claro. Para contornar a situação, a Vivo desta vez substituiu as inumeráveis listas de itens que apareciam no visor por um menu colorido e ícones parecidos aos do computador. Em vez de cobrar por tempo de uso, cada filme, campainha ou piada tem um preço determinado, fixo. ?Queremos criar uma nova cultura nos usuários?, diz Mafra.